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sábado, 15 de junho de 2013

"Quem não reagiu está vivo"


pm ninja
Daqui a alguns anos, quando a história dos confrontos entre a população e a Polícia Militar de São Paulo for contada, poucos vão dizer que “tudo começou” com uma reação (proporcional ou não) ao reajuste das tarifas de ônibus na maior cidade do País. Da mesma forma como a Primavera Árabe não é lembrada hoje como um movimento de comerciantes em solidariedade a Tarek bin Tayeb Bouazizi, o vendedor de verduras que, cansado de ser subornado e agredido por fiscais de impostos do governo, se imolou em dezembro de 2010 e deu início à revolta que derrubou o ditador da Tunísia e se espalhou pelo Egito, Líbia e Síria, os protestos em São Paulo não podem, não devem nem serão reduzidos a um conflito provocado por “baderneiros que aviltaram o Estado democrático de Direito e causaram transtorno ao trânsito da metrópole”. Isso apesar dos esforços de editorialistas, apresentadores de tevê e usuários de redes sociais (não necessariamente de transporte público) para resumir o conflito como um episódio raso passível, como quase tudo, de ser narrado em 140 caracteres.

A redução, típica de uma cultura que nomeia vilões e mocinhos até em jogos de futebol, escancarou ignorâncias ancestrais que agride olhos, bocas, narinas e orelhas mais violentamente do que as bombas de gás lacrimogêneo espalhadas pela capital. O festival de bobagens, reduções e elogios à truculência produzidas do episódio é só a vitrine de um período estranho.

Quem aprendeu a procurar os comos, ondes e porquês das coisas sabe que o estopim das manifestações vale mais do que vinte centavos. Tem origem na história recente e só quem é incapaz de ligar os pontos e identificar a sincronia de eventos complexos pode reproduzir, em discursos ou bombas de gás, o argumento de que 20 centavos não valem uma bandeira.

O movimento que aglutinou a revolta está ligado à demanda do transporte público coletivo. Ponto. Mas a revolta tem origem diversa. Uniu quem está cansado de ser empurrado em ônibus e metrô. De ser tratado como cavalo para seguir a rotina. De tomar cotovelada para subir degrau. De pagar cada vez mais por cada vez menos. De se segurar nas alças do ônibus ou vagão para não se arrebentar na primeira esquina. Mas uniu também quem está cansado de ser tratado como inimigo por um Estado constituído, por lei, a partir do princípio da justiça, da igualdade e da liberdade de ir, vir e se manifestar. E está cansado de não se sentir protegido nem representado. Que cansou de fingir viver em uma democracia plena por apertar alguns números (quase aleatoriamente) em uma urna eletrônica a cada dois anos.

Para funcionar de fato, uma democracia deve ser fundada em instituições sólidas, transparentes, capazes de dialogar e prestar contas. Tudo isso ainda é ralo e raro por aqui. Tanto a Justiça como a cúpula do Legislativo e Executivo – quem define, afinal, as políticas públicas de segurança e transporte – é composta por quem toma decisão se gabando de se lixar a quem contesta, a quem pergunta, a quem, num átimo de infelicidade civil, resolve se questionar sobre a vigência das normas. Normas que, inconscientemente, te pedem para sentar, calar, obedecer, bater palma e participar da vida pública somente a cada dois anos, para eleger um novo poste cercado por decisões arbitrárias, e não consultadas, por todos os lados.

Quando um grupo sai às ruas dizendo “queremos algo mais que isso”, não são 20 centavos que estão em jogo. Os métodos podem ser questionados: os exageros, quando pontuais, podem ser execrados, investigados e punidos. Se a polícia tivesse interesse em evitar a depredação de patrimônio ou garantir o trânsito nas vias arteriais da cidade, acompanharia a manifestação, identificaria os exageros e responderia de acordo com a lei. Seria uma carga de inteligência a uma polícia estruturada para obedecer e fazer com que se obedeça. Mas quem, em tese, deveria colocar ordem ao caos foi treinado para baixar a cabeça ao superior e tratar o cidadão, abaixo dele, como inimigo. Protege o patrimônio estourando os olhos de quem está protestando ou voltando do trabalho. Responde aos exageros com exagero – mas um exagero militarizado, armado e covarde de seus superiores sentados sobre o dito monopólio legítimo da violência.

O resultado está aí: incapazes de identificar eventuais criminosos em um grupo de demanda específica, rasga-se anos de blablabla sobre garantia de direitos individuais e serviços à população distribuindo borrachas e bombas ao léu. A prisão do jornalista Piero Locatelli e a agressão aos cidadãos e profissionais de alguma forma envolvidos nos protestos é simbólica em vários sentidos. Todos foram punidos por terem questionado, ou se aproximado de quem questionou, o porquê das decisões – a princípio tomadas para protegê-los. No vídeo gravado pela equipe de CartaCapital, Locatelli pergunta insistentemente por que está sendo preso e onde a lei, que vale para ele tanto quanto para os soldados em serviço, explicita a proibição de vinagre na mochila – o vinagre, como se sabe, minimiza os efeitos do gás lacrimogêneo. Se procurava respostas, procurou no lugar errado: a tropa da PM não foi feita para responder nem perguntar; foi feita para a guerra. Em tempos de paz, sobrou para todo mundo.

Se a cúpula da Segurança Pública de São Paulo tucana, com a vexatória posição de barricada da prefeitura petista, imaginava que a cidade teria paz a partir de bombas e cassetetes, a estratégia falhou feio. Quem na semana passada fez pouco caso para quem está cansado de ser maltratado em ônibus e metrôs (nas vias públicas, enfim), agora viu que o problema é também dele.

Quem preferiu colocar para trabalhar dois, nãos mais que dois neurônios, em meio ao episódio, percebeu que a crise teve agora um estopim, mas estava adormecida há anos. Puxe o caso Alston pela memória e pergunte o quanto os desvios investigados na Europa e silenciados por aqui renderiam em quilômetros de linha viária em uma cidade de linhas enxutas.

Memorize os casos de atropelamento, de agressão no trânsito, de incentivos e vistas grossas à sua individualidade a custa de espaço e quatro rodas.

Recorde-se das mudanças de traçado para a Copa conforme as cartas privadas colocadas à mesa (alguém se lembra do veículo leve sobre os trilhos que ligaria o aeroporto de Congonhas ao Morumbi?).

Mas lembre-se também do caso Aref e dos esquemas milionários para liberar empreendimentos tampouco milionários em uma cidade saturada.

Capte na memória quantas armas foram apontadas no seu rosto em assalto sem que houvesse qualquer viatura por perto fora dos limites dos Jardins.

Indague-se sobre as carteiradas. Sobre as certidões pra nascer e as concessões pra sorrir de que fala a música de Chico Buarque.

Releia as reportagens sobre traficantes que colocam ordem na periferia, uma ordem compartilhada por milícias que dizem garantir sua segurança sentadas em um pacto de não-agressão com o crime alimentado pelos mesmos bairros chiques.

Ou sobre o aumento do número de homicídios e latrocínio, das execuções sumárias registradas sob o lema “quem não reagiu está vivo”, sobre sistemas prisionais abarrotados de negros e pobres que cometeram os mesmos crimes (muitos de penas já cumpridas) de brancos e ricos (mas presos, como diz a música, são quase todos pretos, ou quase pretos, ou brancos quase pretos de tão pobres).

Lembre-se do funil social que faz o shopping feito para a sua família – o mesmo autorizado a expandir as suas obras por vias escusas – que aos sábados parece reunir a população da Suécia num país de brancos, negros e mestiços.

Se você é incapaz de ligar os pontos, não há o que fazer se não lamentar: você, como o soldado que não sabe dizer a relação entre o vinagre e a violência, foi treinado apenas para ver a realidade em partes não-conectadas. É o que se chama de alienação.

Mas se você é capaz de caminhar só um pouco mais fundo, não vai precisar de muito esforço para saber por que estão todos cansados, por que os agora muitos estão gritando e por que é preciso matar agora (com bombas de gás e de desonestidade intelectual) um movimento até então pouco conhecido que tomou forma há menos de uma semana.

Se um grupo relativamente pequeno conseguiu se organizar e mostrar tanto sobre tantos pontos até ontem desconexos, o que fariam os cidadãos tratados todos os dias aos pontapés se resolvessem sair às ruas para questionar o estado das coisas e a fragilidades dos seus direitos? As centenas que viraram milhares se tornariam milhões. No país das soluções negociadas, da troca de bastão que muda tudo para tudo permanecer como está (da monarquia para a república, da ditadura para a democracia, do escravismo formal para a escravidão não decretada, da lei formal para alguns para a lei para todos que só funciona para alguns), não sobraria um engravatado para contar a História, esta sim alavancada com H maiúsculo.



Fonte:http://www.cartacapital.com.br/sociedade/quem-nao-reagiu-esta-vivo-8670.html

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Um espaço verdadeiramente democrático , não limitamos e restringimos qualquer tipo de expressão , não toleramos racismo preconceito ou qualquer outro tipo de discriminação..Obrigado Claudio Vitorino

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Claudio Vitorino em ação..

Aquele que acredita que o interesse coletivo está acima do interesse individual , que acredita que tudo e possível desde que tenha fé em Deus e coragem para superar os desafios...

Vida difícil? Ajude um estranho .

Pode parecer ilógico -no mínimo pouco prioritário- ajudar um estranho quando as coisas parecem confusas na nossa vida. Mas eu venho aprendendo que este é um poderoso antídoto para os dias em que tudo parece fora do lugar.

Como assim, pergunta o meu leitor mais cético? E eu explico:
Há duas situações clássicas onde podemos auxiliar uma pessoa que não conhecemos. A primeira é através de doações e gestos similares de caridade. Estes atos são maravilhosos e muito recomendáveis, mas não é deles que quero falar hoje.


Escolhi o segundo tipo: aquelas situações randômicas onde temos a oportunidade de fazer a diferença para uma pessoa desconhecida numa emergência qualquer. Na maioria das vezes, pessoas com quem esbarramos em locais públicos, envolvidas em situações que podem ir do estar atrapalhado até o precisar de mãos para apagar um incêndio.

E o que nós, imersos nas nossas próprias mazelas, distraídos por preocupações sem fim amontoadas no nosso tempo escasso, enfim, assoberbados como sempre... O que nós temos a ver com este ser humano que pode ser bom ou mau, pior, pode sequer apreciar ou reconhecer nosso esforço?


Eu vejo pelo menos seis motivos para ajudar um estranho:


1) Divergir o olhar de nossos próprios problemas
Por um momento, por menor que seja, teremos a chance de esquecer nossas preocupações.
Dedicados a resolver o problema do outro (SEMPRE mais fácil do que os nossos), descansamos nossa mente. Ganhamos energia para o próximo round de nossa própria luta.
Esta pausa pode nos dar novo fôlego ou simplesmente ser um descanso momentâneo.


2) Olhar por um outro ângulo
Vez ou outra, teremos a oportunidade de relativizar nossos próprios problemas á luz do que encontramos nestes momento. Afinal, alguns de nossos problemas não são tão grandes assim...
Uma vez ajudei Teresa, a senhora que vende balas na porta da escola de meu filho. A situação dela era impossível de ser resolvida sozinha, pois precisava “estacionar” o carrinho que havia quebrado no meio de uma rua deserta. Jamais esquecerei o olhar desesperado, a preocupação com o patrimônio em risco, com o dia de by Savings Sidekick">trabalho desperdiçado, com as providências inevitáveis e caras. E jamais me esquecerei do olhar úmido e agradecido, apesar de eu jamais ter comprado nada dela. Nem antes nem depois.
Olhei com distanciamento o problema de Teresa. E fiquei grata por não ter que trabalhar na rua, por ter tantos recursos e by Savings Sidekick">oportunidades. E agradeci por estar lá, naquela hora, na rua de pouco movimento, e poder oferecer meus braços para ela.


3) Não há antes, nem depois ...
Na intricada teia de nossos by Savings Sidekick">relacionamentos, dívidas e depósitos se amontoam. Ajudar um conhecido muitas vezes cria vínculos ou situações complexas. Ás vezes, ele espera retribuir. Outras vezes, esperamos retribuição. Se temos ressentimentos com a pessoa, ajudá-la nem sempre deixa um gosto bom na boca. Se ela tem ressentimentos conosco, fica tudo muito ruim também.
Já com estranhos são simples. É ali, naquela hora. Depois acabou. E não há antes. Que alívio!
(mas não vamos deixar de ajudar os conhecidos dentro de nossas possibilidades, hein?)


4) A gratidão pelo inesperado é deliciosa
Quem se lembra de uma vez em que recebeu uma gentileza inesperada? Não é especial? E nem sempre estamos merecendo, mal-humorados por conta do revés em questão.
Ou quando ajudamos alguém e recebemos aquele olhar espantado e feliz?
Ontem mesmo, eu estava numa fila comum de banco. Um senhor bem velhinho estava atrás de mim. Na hora em que fui chamada, pedi que ele fosse primeiro. “Mas por que, minha filha?”. “Pelos seus cabelos brancos”, respondi. Ele, agradecido, me deu uma balinha de hortelã. Tudo muito singelo, muito fácil de fazer, mas o sentimento foi boooom.


5) Quase sempre, é fácil de fazer.
Uma vez eu fiquei envolvida por uma semana com uma mãe e um bebê que vieram para São Paulo para uma cirurgia e não tinha ninguém para esperar no aeroporto. Levei para um hotel barato, acompanhei por uma semana e tive medo de estar sendo usada, reforçada pelo ceticismo de muitas pessoas ao meu redor. No final, deu tudo certo e a história era verdadeira.
Mas na maioria dos casos, não é preciso tanto risco ou tanto tempo. Uma informação; um abaixar para pegar algo que caiu; uma dica sobre um produto no supermercado. Dar o braço para um cego (nunca pegue a mão dele, deixe que ele pegue o seu braço, aprendi com meu experiente marido). Facílimo, diria o Léo. E vamos combinar, fácil é tudo que precisamos quando o dia está difícil, certo?

6) Amor, meu grande amor
Finalmente, ajudar estranhos evoca o nosso melhor eu. É comum termos sentimentos de inadequação, baixa auto-estima e insatisfação conosco quando estamos sob tempo nublado. E ajudar o outro nos lembra que somos bons e capazes. Ajudar um estranho demonstra desapego, generosidade, empatia pelo próximo. E saber que somos tudo isto quando o coração está cinza... É para olhar com orgulho no espelho, não?

Portanto, se hoje não é o seu dia... Faça o dia de alguém. E se é um dia glorioso... Vai ficar melhor!

Fonte:http://www.vivermaissimples.com/2011/03/vida-dificil-ajude-um-estranho.html

Karoline Toledo Pinto

Karoline Toledo Pinto
Karoline Agente Penitenciária a quase 10 anos , bacharelada no curso de Psicologia em uma das melhores Instituição de Ensino Superior do País , publica um importante ARTIGO SOBRE AS DOENÇAS QUE OS AGENTES PENITENCIÁRIOS DESENVOLVEM NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES . Aguardem em breve aqui será publicado .APESAR DAS PERSEGUIÇÕES INFUNDADAS DAS AMEAÇAS ELA VENCEU PARABÉNS KAROL SE LIBERTOU DO NOSSO MAIOR MEDO A IGNORÂNCIA CONTE COMIGO.. OBRIGADO CLAUDIO VITORINO

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