
Terminou mais uma Copa do Mundo.
A África do Sul viveu 40 dias de sonho. Agora é voltar à realidade e reencontrar-se com o cotidiano. Cerca 3,5 milhões de trabalhadores certamente ficaram sem trabalho ou voltaram a ficar sem trabalho. As diferenças sociais gigantescas entre ricos brancos e pobres negros continuarão como dantes. Cinco estádios gigantes e maravilhosos ficarão semi- abandonados. Cerca de 3,2 bilhões de dólares foram gasto só na construção e/ou reforma dos estádios.O problema de transportes coletivos não foi resolvido, nem de longe. Houve apenas uma grande preocupação com o transporte e acomodação de turistas. Para a população local quase nada mudou.
Um ano depois, a África do Sul sustenta manutenção de seus 'elefantes brancos'. E mesmo assim pensa em Olimpíada...
O país gastou cerca de 27 bilhões de reais no evento e deve torrar 23 milhões por ano, só para manter estádios, que em boa parte dos casos, não têm mais uso.O estádio Moses Mabhida, em Durban: mais turistas do que torcedores.
O problema não chega a ser uma surpresa - o risco de transformação dos estádios milionários em elefantes brancos era comentado desde muito antes do começo da Copa.
Há exatamente um ano, o goleiro Iker Casillas, capitão da campeã Espanha, subiu às tribunas do Estádio Soccer City, em Johannesburgo, e levantou a taça Fifa, encerrando a festa da primeira Copa do Mundo sediada na África. Nesta segunda-feira, 365 dias depois, o clima é bem menos festivo entre os sul-africanos - pelo menos entre os responsáveis por administrar os estádios construídos ou reformados para a competição. Dos dez locais que receberam partidas do Mundial, pelo menos quatro transformaram-se em representantes de uma nova espécie dentro da variada fauna africana: o elefante branco. Nesses quatro estádios – entre eles o mais caro de toda a Copa -, o fim do Mundial decretou também o início de um período de longa inatividade. Sem eventos esportivos e culturais capazes de encher as arquibancadas, eles só dão prejuízo. Calcula-se que a África do Sul tenha investido cerca de 27 bilhões de reais para realizar todas as obras ligadas à Copa do Mundo. O valor estimado para a manutenção dos estádios é equivalente a 23 milhões de reais por ano. O único caso de sucesso indiscutível entre os estádios da Copa é justamente o Soccer City, palco da abertura e do encerramento.
Jamil Chade/ GENEBRA, CORRESPONDENTE - O Estado de S.Paulo

ESTADIO SOCCER CITY
GENEBRA - Quase dois anos depois da Copa da África do Sul, cinco dos dez estádios construídos para a competição são hoje mantidos integralmente graças ao dinheiro público, não conseguem atrair eventos suficientes nem sequer para cobrir seus custos de manutenção e já se calcula que, em alguns casos, custaria menos demoli-los do que pagar por sua manutenção na próxima década.
Divulgação
Estádio na Cidade do Cabo só dá prejuízo Os dados foram coletados pelo sul-africano Eddie Cottle, especialista que por meses estudou a situação dos estádios do país e, com dados oficiais dos governos das províncias, revela que o contribuinte ainda paga pela manutenção desses elefantes brancos.
"Esse é o legado da Copa que ninguém ousa falar'', declarou Cottle ao Estado. Segundo ele, entre 2003 e 2010, o orçamento público previsto pelo governo para o Mundial aumentou em 1.709%, para um total de US$ 4,8 bilhões (cerca de R$ 8,8 bilhões) apenas para as obras dos estádios e infraestrutura.
"Mas o que ninguém se deu conta é que, mesmo depois da Copa terminada, os gastos continuaram''declarou”.
Para ele, essa conta também precisará ser feita no Brasil.
Quando os sons das vuvuzelas cessaram, vieram à tona, dia após dia, debates sobre como utilizar toda a estrutura construída para o evento. Com um investimento de US$ 8 bilhões, a África do Sul levantou cinco estádios e realizou a infraestrutura necessária para receber as delegações e turistas de todo o mundo. No total, nove cidades foram qualificadas para sediarem o evento: Durban, Cape Town, Joanesburgo, Porto Elizabeth, Pretória, Rustemburgo, Polokwane, Nelspruit, Bloemfontein,
19/01/2013 às 03h16min, por [Ubiratan Leal ]
Os elefantes brancos originais, o que criou a lenda, a expressão usada no ocidente, vieram do Sudeste Asiático. Mas quem for à África do Sul ver a Copa Africana de Nações, perceberá que já há uma espécie africana. É só olhar o que aconteceu com os estádios utilizados na Copa do Mundo de 2010. Apenas metade será aproveitada no torneio continental de 2013. E desses, apenas o Soccer City é sustentado no dia a dia por atividades ligadas ao futebol.
O estádio que recebeu a abertura e a final do Mundial de 2010 receberá três partidas da CAN. No dia a dia, é casa do Kaizer Chiefs, um dos dois grandes clubes sul-africanos, e da seleção do país. Além disso, recebeu alguns jogos importantes de rúgbi e shows. Ainda é um estádio superdimensionado para os padrões locais, mas é o suficiente para que se pense antes de dar a ele o rótulo de “elefante branco”.
No entanto, os outros estádios… Dos cinco outros estádios da CAN, três vivem do rúgbi – esporte de menor popularidade que o futebol no país, mas com presença de público muito maior nos estádios, e com equipes fortes em várias cidades diferentes – e um do críquete – outro esporte muito forte na África do Sul. Das cinco arenas da Copa que ficaram de fora da CAN, quatro também vivem basicamente do rúgbi. E o Green Point está virtualmente abandonado.
O estádio da Cidade do Cabo virou o maior exemplo da invasão de elefantes brancos no sul do continente africano. Foi a instalação esportiva mais cara construída para o Mundial, e a ideia era sustentá-la com os Stormers (time de rúgbi) e o Ajax Cape Town. No entanto, o primeiro preferiu seguir em seu estádio (Newslands) de 51.900 lugares e o segundo não tem torcida para bancar toda a estrutura. Nem a realização de alguns shows e jogos da seleção sul-africana de futebol foram suficientes, e a degradação já é visível no Green Point.
Como resultado, a arena mais cara da Copa de 2010 não terá condições de receber a Copa Africana, deixando a segunda maior cidade da África do Sul sem o evento.
Cliquem no link http://www.youtube.com/watch?v=kuCYJ-zIF90&feature=youtu.be e verão como foi e está sendo na África até hoje.
E no Brasil? Será que não vai haver super faturamento e que nenhuma verba será desviada?
A música "CIDADÃO" do grande Zé Ramalho, lembra alguma coisa? "Está vendo aquele Estádio moço? Eu também já trabalhei lá, fiz a massa, coloquei tijolos, ajudei a levantar, hoje o ingresso é muito caro e pobre não pode entrar."
Fonte:http://www.umavozdebetim.com.br/2013/04/africa-do-sul-entre-o-sonho-e-realidade_18.html
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