
Texto: O dinheiro pode trazer coisas boas e ruins. Como você lida com ele?
Foto: Marcelo Zocchio
Poucas pessoas desenvolvem uma relação saudável com dinheiro. Segundo estudiosos, só uma em cada cinco pessoas sabe lidar bem com a grana. Para alguns, só o dinheiro traz felicidade. Para outros, ele é uma coisa suja, indigna. Outros acham que quem gosta de dinheiro é ganancioso, ao passo que os puros de coração não estão nem aí para ele.
"O dinheiro em si é neutro. Ele pode trazer coisas boas, como a possibilidade de escolha, de liberdade e de independência, mas também gerar coisas ruins, como ganância e aprisionamento", diz a psicoterapeuta Denise Impastari, autora de O Julgamento do Dinheiro. "Tudo vai depender da forma como lidamos com ele", diz Denise.
Para o filósofo americano Jacob Needleman, professor da Universi-dade Estadual de San Francisco, na Califórnia, alguém só se conhece quando compreende o papel que o dinheiro tem na sua vida. Para ajudar nessa tarefa, alguns estudiosos criaram perfis baseados em estilos de se lidar com o dinheiro.
Autoestima
"Dinheiro é uma droga. Ele pode nos dar a sensação de que somos melhores e mais importantes do que realmente somos", diz Needleman, autor do best seller O Dinheiro e o Significado da Vida. Isso acontece porque entregamos ao dinheiro uma parte de nossa autoestima. Com as coisas que podemos comprar com ele nós nos sentimos melhores, mais ajustados socialmente e aceitos por nossos pares.
Segurança
Muita gente poupa compulsivamente, achando que sua segurança depende do número de dígitos da conta bancária. Até certo ponto, essa preocupação é natural. Mas pouca gente faz as contas para ter uma ideia de quanto vai precisar para isso tudo, e vai guardando desesperadamente. Essa busca frenética por segurança, no fundo, esconde uma tremenda falta de autoconfiança.
Identidade
Antes de o mundo se tornar tão individualista, as pessoas se reconheciam pelo que eram, pelo que faziam ou sabiam. Mas, hoje, cada vez mais somos identificados pelo que temos. Essas coisas constroem sua identidade de homem-rico-bem-sucedido. E, no final, boa parte de sua vida acaba sendo gasta na manutenção da aura de sucesso.
Aceitação
Para muitos, o dinheiro também é o caminho mais fácil para obter a aceitação de seus pares. Somente com o dinheiro, imagina-se, é possível conquistar afeto e ser admirado. A origem dessa confusão começa na infância, quando os pais substituem amor pelos presentes. A criança fixa a ideia de que afeto e dinheiro são a mesma coisa. E a sociedade de consumo reforça essa tese.
Dinheiro traz felicidade?
Parece piada, mas muitos economistas já se debruçaram sobre essa pergunta. E algumas pesquisas trouxeram respostas interessantes. O consenso entre os economistas até agora é de que, sim, o dinheiro traz felicidade. Os ricos, aparentemente, são mais felizes que os mais pobres, mas... Existem vários "mas", descobriram os economistas Richard Easterlin, da Universidade de Sou- thern California, nos Estados Unidos, e Andrew Oswald, da Universidade de Warwick, Inglaterra, que pesquisam o assunto separadamente.
Em primeiro lugar, essa relação tem limite. Depois de um nível básico em que as necessidades e alguns luxos estão atendidos, mais dinheiro não traz felicidade extra. Além disso, o efeito de um aumento de renda ou do ganho de uma bolada tem duração limitada.
No final da pesquisa brotou algo tão óbvio quanto surpreendente de se ver em estudos econômicos: a constatação de que a felicidade, afinal, vem dos contatos pessoais, dos relacionamentos, das atividades que se faz, enfim, do fato de viver. Quando o dinheiro é usado para viabilizar isso tudo, ele também traz felicidade.
Qual é o seu perfil?
. Pão-duro- Ele tem medo de um dia ficar sem dinheiro e, por isso, guarda tudo o que ganha. Não vive o presente e deixa tudo para um futuro sem data. Essa atitude está ligada a alguma carência da infância, de afeto ou de alimento. No fundo, o sovina acredita que o dinheiro pode completá-lo, oferecendo o carinho ou o amor que não recebeu quando criança.
. Gastador - Consumista compulsivo, para ele o que importa é o prazer do momento. Em geral, são pessoas com baixa autoestima, que usam o dinheiro para construir a própria identidade e serem aceitas.
. Escravo - Para ele, o dinheiro não é um meio, mas um fim. Ele só quer saber de acumular. A origem desse comportamento pode estar em uma educação severa. Pode estar relacionando o dinheiro à segurança e, ao mesmo tempo, ao poder.
. Desligado - Não sabe bem quanto recebe, nem o valor das coisas. Emocionalmente imaturo e dependente do outro, o desligado tem sempre alguém que organiza sua vida financeira. A origem disso pode ser uma infância protegida, em que a criança recebia o que precisava sem pedir.
. Confuso - Não sabe lidar com as próprias emoções nem com a dinâmica do dinheiro, baseada na troca. Costuma dar o que tem e o que não tem para entes queridos porque confunde afeto com dinheiro. Para esse indivíduo, o dinheiro, além de um instrumento de troca, é o recurso principal para ser aceito socialmente.
. Raivoso- Fica irritado só de ouvir falar no assunto. A maior parte não sabe ganhar dinheiro e geralmente ganha menos do que gostaria. São pessoas que enxergam no dinheiro uma fonte de poder e realização pessoal. Eles acham que, na hora em que colocarem a mão na grana, seus sonhos se realizarão e eles atingirão um estado de plena satisfação.
. Equilibrado- Gente que sabe o que quer e que trabalha para ganhar o necessário para fazer o que deseja. Os equilibrados são confiantes, conhecem os limites de seus desejos e de suas possibilidades e sabem lidar com a frustração. Mas não são passivos. Sabem dosar os gastos com a poupança para emergências. Como lidam bem com o dinheiro, sabem compartilhar com os outros e aproveitar a vida.
Fonte:http://mdemulher.abril.com.br/bem-estar/reportagem/viver-bem/reportagem_237945.shtml
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