Não houve crescimento do número de doações de múltiplos órgãos feitas nas cidades atendidas pela Central de Notificação, Captação e Doação de Órgãos sediada em Uberlândia (CNCDO-Oeste), se comparados os procedimentos realizados entre 1º de janeiro e 31 de agosto de 2011 com o mesmo período deste ano. Nos 87 municípios atendidos pela regional Oeste, vinculada ao Complexo MG Transplantes da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), incluindo Uberlândia, foram registradas 24 doações de múltiplos órgãos nos oito primeiros meses de 2011 e também deste ano, enquanto no Estado e no país houve aumento neste total de doações.
Em todo o território nacional, foram feitas 1.217 doações até 31 de agosto contra 997 procedimentos nos oito primeiros meses do ano passado – um aumento de 22,1%. Embora a central de Uberlândia tenha registrado crescimento zero, as seis CNCDOs de Minas Gerais, juntas, tiveram um aumento de 100%, de 80 para 160 doações de múltiplos órgãos, no comparativo do mesmo período. A CNCDO-Oeste, com o registro de 24 doações entre janeiro e agosto deste ano, ficou em segundo lugar nesta listagem, atrás da central da região metropolitana, que teve confirmadas 90 doações.
O coordenador do MG Transplantes em Uberlândia, Thompson Marques Palma, afirmou que as doações da CNCDO-Oeste poderão ser maiores caso ocorra uma mudança nas realizações das notificações de casos de morte encefálica, por parte das unidades de saúde, na sensibilização das famílias dos pacientes diagnosticados com morte cerebral e, ainda, na captação dos órgãos com potencial de serem doados. “No país, apenas 1 a cada 10 casos de morte encefálica é notificado pelas unidades de saúde. Desses 10% de casos notificados no país, aproximadamente 33% encontram resistência da família na hora da doação. Portanto, o preconceito não é a maior barreira”, disse.
Faltam comissões para sensibilizar famílias de pacientes
Para o coordenador do MG Transplantes em Uberlândia, Thompson Marques Palma, é essencial a formatação de políticas públicas que incentivem a notificação pelos agentes de saúde e, consequentemente, aumentem as doações feitas em cada Central de Notificação, Captação e Doação de Órgãos (CNCDO).
Segundo Palma, as doações de múltiplos órgãos seriam em maior número caso os hospitais das 87 cidades abrangidas pela CNCDO-Oeste, sediada em Uberlândia, investissem na criação de uma comissão responsável pela abordagem e sensibilização dos familiares do paciente que tem decretado o diagnóstico de morte encefálica. Esta comissão é formada por médicos, assistentes sociais, enfermeiros e psicólogos.
“Na região da central de Uberlândia, deveriam existir mais de 20 comissões para a captação de órgãos. Mas, atualmente, só existem quatro. Sendo que, dessas quatro, temos apenas uma em Uberlândia”, afirmou.
HC-UFU segue sem fazer transplantes
Em julho de 2011, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) foi credenciado pelo Ministério da Saúde a fazer cirurgias de transplante de fígado. Porém, transcorrido mais de um ano do credenciamento, a instituição ainda não deu início aos transplantes.
Em nota, a direção do HC-UFU informou que, em virtude da falta de profissionais e do impedimento de contratação destes pela Fundação de Assistência, Estudo e Pesquisa de Uberlândia (Faepu), “algumas etapas do processo de transplante de fígado serão realizadas por meio de prestação de serviços”.
Na mesma nota, o HC-UFU disse que a direção aguarda a avaliação dos contratos de serviços pela Procuradoria da UFU. Se, até julho de 2013, o HC-UFU não tiver iniciado os transplantes de fígado, a instituição poderá perder o credenciamento do Ministério da Saúde, que estipula o prazo de dois anos para efetivação das cirurgias.
Outro hospital
Segundo o médico Emílio Oliveira, coordenador da área de transplantes do Hospital Santa Catarina, em Uberlândia, o hospital espera solicitar ao Ministério da Saúde, até o fim deste ano, o credenciamento para realizar a cirurgia em Uberlândia.
Aposentado enfrenta 11 anos de tratamento
O aposentado Roberto Augusto Apolinário levava uma vida normal até o início de 2000, quando sentiu uma forte dor que o levou à internação hospitalar urgente. Com o diagnóstico de falência renal recebido dos médicos, Roberto Apolinário foi informado que, com 24 anos de idade, precisaria iniciar um tratamento de hemodiálise, para começar a ter chance de sobrevida. Até março do ano passado, quando passou por um transplante de rim, Apolinário, enfrentou, além da aposentadoria por invalidez, 11 anos de tratamento e permaneceu na fila de espera pelo órgão.
Mais de um ano depois da cirurgia, ele disse que procurou encarar a hemodiálise com pensamento positivo e pensar que um dia encontraria um rim compatível para a operação. “A maioria da população não tem noção da angústia que é o tratamento de hemodiálise. É necessário ter muita fé e paciência. Encontrei forças no apoio dos meus três filhos e da minha atual esposa, que foram o motivo que encontrei para continuar a viver”, afirmou Apolinário.
Hospital Santa Catarina deve pedir credenciamento para fazer transplantes de fígado
No Hospital Santa Catarina, em Uberlândia, os transplantes de rim e córneas são feitos há 12 anos, por meio do convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS). Do início dos procedimentos, em 2000, até 31 de agosto deste ano, o hospital fez 187 transplantes renais. De acordo com o médico Emílio Carlos Oliveira, coordenador da área de transplantes do hospital, foram realizados 25 transplantes renais e seis transplantes de córneas na instituição nos oito primeiros meses deste ano.
Além dos transplantes, o hospital captou 19 fígados, no ano passado, que foram disponibilizados ao sistema nacional de transplantes. De janeiro até 31 de agosto deste ano, foram 11 captações de fígados realizadas pelo Santa Catarina.
Segundo Emílio Oliveira, o transplante de fígado é complexo e o hospital espera solicitar ao Ministério da Saúde, até o fim deste ano, o credenciamento para realizar a cirurgia em Uberlândia.
Ministério da Saúde e Facebook incentivam doações
O Ministério da Saúde e o Facebook lançaram, no dia 30 de julho deste ano, uma parceria para incentivar a doação de órgãos entre os usuários brasileiros da rede social – cerca de 40 milhões de internautas. Segundo informações do Ministério, mais de 80 mil brasileiros já se declararam doadores.
Para expressar o desejo de ser um doador de órgãos no Facebook, o usuário deve ir à Linha do Tempo e clicar em “Evento Cotidiano”. Depois, deve selecionar a opção saúde e bem-estar e clicar em doador de órgãos.
Embora faça propaganda da ferramenta disponibilizada aos brasileiros, o Ministério da Saúde afirma que a parceria com o Facebook não substitui o caminho legal, já que é a família que decide se autoriza ou não a doação de órgãos.
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