Preso de penitenciária de Contagem escapa durante escolta
Fuga de preso algemado nesta terça-feira fez subir para 31 os detentos que escaparam de penitenciárias de Minas em 2012
FREDERICO HAIKAL
Warley estava sendo levado de volta à
Penitenciária Nelson Hungria
Trinta e um presos escaparam das penitenciárias administradas pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) em 2012. Somente nesta semana, foram 13 fugas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Nesta terça-feira (10), mesmo algemado, Warley Moreira da Silva, de 21 anos, desapareceu em frente à Nelson Hungria, em Contagem, unidade considerada de segurança máxima em Minas.
Acusado de furto e roubo, Warley Moreira escapou de uma viatura e sumiu em um matagal. Ele era escoltado por dois policiais civis e voltava à penitenciária depois de prestar depoimento na 3ª Delegacia de Contagem, na RMBH.
A Corregedoria da Polícia Civil abriu sindicância para apurar se houve falha na escolta. No ano passado, 78 presos conseguiram deixar as unidades prisionais gerenciadas pela Seds. A Polícia Civil informou que, em 2011, foram registradas fugas em sete cadeias, mas não divulgou o número de foragidos.
Um dos episódios mais vergonhosos, em Minas, envolve o traficante Roni Peixoto. Em 8 de julho do ano passado, ele saiu da penitenciária José Maria Alckmin, em Ribeirão das Neves, na RMBH, para trabalhar, e não voltou. Ele nem chegou a exercer a função de auxiliar de serviços gerais. Segundo a Polícia Federal, Roni Peixoto está no Paraguai, de onde envia drogas para favelas de Belo Horizonte.
Se, por um lado, o governo de Minas comemora o fato de não haver rebeliões desde 2007, as fugas fizeram acender o alerta vermelho na cúpula da segurança pública do Estado. Na última segunda-feira, presos deixaram a Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, por um túnel. A Corregedoria da Seds abriu sindicância para apurar se houve facilitação por parte dos agentes.
A secretaria alega que as fugas representam menos de 0,2% do total de acautelados pelo Estado, que chegam a 43 mil. Segundo a Seds, há cerca de 12 mil presos trabalhando e aproximadamente 5 mil estudando.
“Além disso, entre 2003 e 2011, as vagas do sistema prisional mineiro saltaram de 5.381 para 27 mil, um aumento de mais de 400%”, informa trecho da nota divulgada pela Seds.
O rigor nas buscas dos visitantes e dos próprios funcionários das penitenciárias para evitar a entrada de armas e drogas é apontado pela secretaria como medida para evitar rebeliões e fugas.
“Muitos agentes penitenciários, quase 30%, são contratados, e são demitidos quando ocorre uma falta grave. Os efetivos respondem a processos administrativos e podem ser punidos”, diz o advogado Renato Firmino, especialista na área criminal.
Segundo ele, o uso de tornozeleiras eletrônicas em presos que deixam as unidades para trabalhar ou para prestar depoimento é uma das formas de combater a evasão. O sistema permite a localização do detento via satélite.
Criminoso estava em uma viatura da
Polícia Civil quando fugiu
(Crédito: Frederico Haikal)
Escolta frágil da Civil favorece escapada
Considerado de alta periculosidade, Warley Moreira da Silva, o “Cris”, líder de uma quadrilha de roubo de carros, se aproveitou de uma escolta sem os mínimos padrões de segurança, feita apenas por dois agentes da Polícia Civil, e conseguiu fugir em frente à penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
“A Polícia Civil faz uma dessa e agora a gente vai ter que correr atrás do prejuízo”, reclamou, irritado, um agente penitenciário que ajudou nas buscas infrutíferas a Warley.
Segundo o agente, o preso retornava de uma audiência na 3ª Delegacia de Contagem sob escolta de dois policiais civis, em um Uno. “Quando a viatura parou em frente à guarita, o preso meteu os pés na porta do bagageiro e, mesmo algemado com as mãos para trás, saiu correndo e desceu o barranco, sumindo na mata”.
O agente disse que os policiais civis saíram da viatura e só tiveram tempo de ver o homem com uniforme vermelho da Superintendência de Administração Penitenciária (Suapi) desaparecer em meio à vegetação.
“Tivemos a informação de que ele caiu e se machucou, mas que conseguiu sair do outro lado, lá na favela de Nova Contagem”, disse o agente. Uma moradora confirmou que viu um homem com uniforme, mancando, atravessando a mata. Ele teria desaparecido em seguida.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds) informou que a escolta padrão da Suapi é realizada em uma viatura-cela (camburão) com quatro agentes armados e um motorista. Dependendo da periculosidade do preso, mais carros podem ser requisitados para reforçar a segurança.
Militares e agentes penitenciários fizeram rastreamento, nesta terça-feira, em busca de Warley, mas, até o fechamento desta edição, o preso não havia sido recapturado. Além de roubo de carros, ele também é condenado pelo homicídio de um policial militar, em 2009. Warley foi preso em setembro e teria oferecido, sem sucesso, um a propina de R$ 40 mil para ser libertado.
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