
ZERO HORA 11 de outubro de 2012 | N° 17219. ARTIGOS
André Luís Woloszyn *
Nos últimos tempos, podemos constatar uma mudança comportamental significativa na atuação dos criminosos. Diferentemente do que ocorria em décadas passadas, quando havia grupos de risco determinados por fatores como horários e locais que frequentavam e a existência de uma ética da bandidagem, baseada apenas na subtração do bem, evitando confrontos desnecessários.
Esta dinâmica mudou radicalmente. Hoje, os ataques são imprevisíveis e indiscriminados, independentemente de locais e horários, e a violência vem acrescida pela perversidade de seus autores no tratamento com suas vítimas e no enfrentamento com o aparelho estatal de segurança pública. Neste quesito, os criminosos sempre sairão em vantagem, pois, enquanto agem em caráter de total anomia, a polícia e o cidadão possuem os limites impostos pelo Estado democrático de direito. Os exemplos são muitos, e citamos fatos mais recentes, como o atropelamento de um idoso no bairro Petrópolis após roubo de seu veículo e a tentativa de assalto que vitimou uma médica próximo ao HPS.
Este quadro acaba criando um sentimento de vulnerabilidade permanente e daí resulta a sensação de insegurança que todos experimentamos. A consequência maior é que esta nova dinâmica vem pautando mudanças nos hábitos e costumes da população, um toque de recolher compulsório. É a fórmula que o cidadão encontrou para prevenir-se, já que o sistema carcerário está um caos e a polícia não tem condições de atender à crescente demanda, situações que apresentam sinais de agravamento.
Mas, embora sejam episódios lamentáveis, trouxeram fatores positivos. Entre estes, o questionamento da sociedade sobre a validade do modelo de enfrentamento adotado nas questões de segurança pública, incluindo aspectos da legislação penal e uma nova percepção das pessoas sobre um antigo paradigma, de que o criminoso é apenas uma vítima, como querem fazer crer alguns. Os próprios movimentos de direitos humanos já se deram conta de que necessitam ampliar seus conceitos, estendendo-os principalmente às vítimas de qualquer tipo de violência ou criminalidade.
A sociedade já não tolera mais comportamentos dessa natureza, pois é a principal vítima da epidemia de violência e criminalidade que assola os grandes centros urbanos, de maneira geral. Assim, desperta para algo que pode ser um prenúncio de transformação de toda esta conjuntura que atualmente não nos é favorável.
Fonte:http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2910681022005173817#editor/target=post;postID=6124154964408766869
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