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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Invisibilidade do Racismo



o homem invisivel

Recentemente, falei dos brancos que acham que não tem raça e dos que gritam racismo reverso sempre que os negros tentam levantar o queixo. Agora, alguns exemplos. Na verdade, são tantos que é até fastidioso listar. O Marcus chamou minha atenção para esse tópico do Orkut, onde um aluno questiona porque o comercial de sua escola não mostra nenhum aluno negro:
Por que não aparecem alunos negros nos comerciais do energia??? os comerciais não tem que ser direcionados a todas classes e raças???

De 18 pessoas que responderam, só 3 manifestaram apoio ao autor do questionamento inicial, sendo que um deles ainda aponta:
Levando em consideração que um dos professores do colégio é o Wander, que cita em sua página livro que duvida do Holocausto judeu, o seu tópico faz todo o sentido!

O racismo brasileiro é pior que o americano justamente por ser hegemônico e, portanto, invisível. Nos EUA, o discurso da racismo era escancarado e o seu contra-discurso também. No Brasil, o racismo é tão hegemônico e naturalizado que ele nem precisa de um discurso racista para se manter. Na verdade, ele se mantém melhor por não ter esse discurso. A falta do discurso racista torna as práticas racistas invisíveis (mas não menos opressivas) e tiram a legitimidade de qualquer contra-discurso: "Do que você está reclamando, meu filho? Pare de criar caso... O Brasil não é racista, nunca tivemos leis segregacionais, VOCÊ é que está sendo racista de falar nisso..."

Abaixo, exemplos tirados do tópico do Orkut:
Só mostrar brancos não quer dizer que a escola só é pra eles... assim o preconceituoso está sendo vc. Ngm nem repara mais nessas coisas, só quem tem preconceito e fica querendo "igualdade" até nisso, sendo que se pensar bem, a igualdade vai pela lógica de que o comercial representou a maioria que é branca.

Que absurdo ficar reparando na etnia das pessoas em um comercial. É esse tipo de atitude que leva o preconceito racial adiante! [nota do Alex: pela foto, essa pessoa é negra ou, pelo menos, seria considerada negra em Santa Catarina, onde fica a escola. Sua última frase foi "apoiada" pela maioria dos participantes.]

Concordo com vc Ricardo,nem reparei nisso!Pra que ficar reparando"Lá não tem negro,xii o neguinho tah sendo reprovado..."PLESE

criem cotas para negros em comerciais! Ja tem até em universidade...

Como falaram, mostraram alguns alunos (na real a maioria das pessoas nem reparou nisso só vc)

Gente é só um comercial, e os negros agora antes de ir estudar em uma escola, vão ter ver as propagandas que foram feitas pra escolher o colégio em que vão estudar se tiver uma propaganda com negros tudo bem, se não tiver não vai estudar lá, me poupe, e outra coisa o racismo estão vindo de vcs que ficam achando defeito nos comerciais, não tem mais o que fazer do que fica achando defeito. Não importa a cor da pessoa que ta fazendo a propaganda pois tudos que querem podem estudar no energia, mas são pessoas como vcs que levam o preconceito a diante se vcs pensassem um pouco antes de falar uma coisa dessas.pensem bem antes de falar só um conselho!!!! ME POUPE

Nem reparei nisso..até por que o simples fato de criar um topico só para alertar sobre isso é um tipo de rascismo e preconceito.Podemos dizer que se o Energia colocasse somente UM negro tambem iriam complicar e dizer que estava sendo um fato de simples "obrigaçao".Pessoas como o criador do tópico não tem o que fazer mesmo.Acho que o preconceito esta dentro de você qeriiiido.Tome cuiiidado com isso

Eu sou negão e não me incomodo de nenhum aparecer

Eu também não vi índios e orientais nos comerciais.

Nem mongóis! Já no orkut..

Para quem faz parte da maioria dominante, a desigualdade é natural. Para eles, um anúncio de escola só com alunos brancos é a coisa mais normal do mundo, algo que eles nem reparam. Anormal, anti-natural, incômodo é quando alguém aponta que essa situação não é nem normal, nem natural e que é muito incômoda para quem foi suprimido. Aí, a reação é imediata:


"nós nem estávamos pensando em termos de raça, estávamos muito felizes no nosso mundo sem raça, onde todos são indivíduos iguais, e você é que veio falar de raça pela primeira vez, você é que levantou o assunto, você é que é o racista!"


De acordo com suas declarações, os jovens acima vivem em uma sociedade justa e meritocrática. Não pensam em raça porque isso não é necessário. No anúncio da escola, não aparecem nem brancos nem negros, só pessoas, só alunos. Sua raça é irrelevante. Quem faz o racismo existir (ou seja, antes ele não existia) são as pessoas que apontam e verbalizam a desigualdade racial - não as pessoas que a criaram ou que se beneficiam dela. O racismo não é aação de fazer um anúncio sem negros ou a percepção disso como normal, mas sim a articulação desse fato como um problema. Se os racistas somente parassem de falar de raça, poderíamos todos viver no paraíso racial meritocrático de novo, como sempre foi.

Eu gostaria de fazer um teste com esses adolescentes: refilmar o mesmo anúncio da escola, mas só com alunos negros. Ou asiáticos. Será que eles também não iriam perceber? Ou será que dessa vez o "conteúdo racial" do anúncio lhes saltaria aos olhos?

* * *

Opinou o leitor Homero, sobre a polêmica das camisas "100% Negro" e "100% Branco":


Eu já tinha ouvido essa argumentação de que uma camisa 100% Negro é diferente de uma camisa 100% Branco. Talvez nunca de forma tão elegante e articulada como você escreveu, mas já conhecia o argumento. Infelizmente o argumento ainda não me convenceu.... No momento em que as estatísticas começam a classificar as pessoas por raça (essa abstração mal definida) a sociedade está abrindo as portas do racismo. No momento em que a cor da pele é o fator definidor do bem-estar, a mentalidade racista se instalou.


Alguém acha mesmo que as portas do racismo já não estão abertas? Que a mentalidade racista já não está instalada? Que o racismo não se instala no Brasil até que uns negros (agressivos ou se fazendo de vítima) começam a usar camisas "100% Negro" e falar em cotas universitárias? Que foi NESSE MOMENTOque a mentalidade racista se instalou? Sério mesmo?

A mentalidade racista está instalada (e muito confortável, obrigado) desde que se escravizou o primeiro índio. As portas do racismo nunca estiveram nem entreabertas: estão escancaradas há 500 anos.

* * *

Naturalmente, só não repara no racismo quem se beneficia dele. Quem sofre seu peso todos os dias sabe bem do que se trata. O racismo é como se fosse um Contrato Social (na verdade, um Contrato Racial) no qual os membros da raça dominante formam um acordo tácito de, ao mesmo tempo em que garantem para si a maior parte das riquezas/oportunidades/etc da sociedade, também consentem em não ver o próprio sistema, criando assim a "alucinação consensual" de um mundo sem raças, meritocrático e igualitário, que passa a mediar sua interpretação da realidade. Nem todos os brancos são signatários do Contrato Racial, mas todos são beneficiários. (Mills, 11)

Numa sociedade racialmente estruturada e profundamente desigual, as únicas pessoas que são psicologicamente capazes de negar a centralidade do racismo são justamente aquelas que pertencem à raça privilegiada: a raça, para eles, torna-se invisível porque o mundo é estruturado em função deles; eles são a norma em oposição a qual são medidas as pessoas de outras raças ("esses outros tem raça, não eu!"). Assim como o peixe não vê a água, os membros da raça dominante não vêem o racismo. (Mills, 76) Desse modo, como citei ontem, é possível que os membros do sindicato dos ferroviários, sinceramente e de boa fé, neguem acesso aos negros ao comitê de práticas raciais porque eles eram "representantes de uma raça", sem nunca se dar conta de que eles também tinham raça e que também representavam os interesses dela. Pra eles, quem tem raça é sempre o outro.

Em uma sociedade racista e desigual como o Brasil, afirmar não ver raça, não ligar pra raça, que raças não existem, que isso não tem importância, "que besteira você se importar com isso", etc, significa na prática tomar partido racialmente ao se aliar com a hegemonia invisível que *precisa* desse tipo de negação para sobreviver e prosperar.

Não existe neutralidade possível: negar raça já é uma afirmação política que te coloca em um dos lados bem definidos de uma briga antiga. Negar raça já é intrinsecamente racista.

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Um espaço verdadeiramente democrático , não limitamos e restringimos qualquer tipo de expressão , não toleramos racismo preconceito ou qualquer outro tipo de discriminação..Obrigado Claudio Vitorino

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Claudio Vitorino em ação..

Aquele que acredita que o interesse coletivo está acima do interesse individual , que acredita que tudo e possível desde que tenha fé em Deus e coragem para superar os desafios...

Vida difícil? Ajude um estranho .

Pode parecer ilógico -no mínimo pouco prioritário- ajudar um estranho quando as coisas parecem confusas na nossa vida. Mas eu venho aprendendo que este é um poderoso antídoto para os dias em que tudo parece fora do lugar.

Como assim, pergunta o meu leitor mais cético? E eu explico:
Há duas situações clássicas onde podemos auxiliar uma pessoa que não conhecemos. A primeira é através de doações e gestos similares de caridade. Estes atos são maravilhosos e muito recomendáveis, mas não é deles que quero falar hoje.


Escolhi o segundo tipo: aquelas situações randômicas onde temos a oportunidade de fazer a diferença para uma pessoa desconhecida numa emergência qualquer. Na maioria das vezes, pessoas com quem esbarramos em locais públicos, envolvidas em situações que podem ir do estar atrapalhado até o precisar de mãos para apagar um incêndio.

E o que nós, imersos nas nossas próprias mazelas, distraídos por preocupações sem fim amontoadas no nosso tempo escasso, enfim, assoberbados como sempre... O que nós temos a ver com este ser humano que pode ser bom ou mau, pior, pode sequer apreciar ou reconhecer nosso esforço?


Eu vejo pelo menos seis motivos para ajudar um estranho:


1) Divergir o olhar de nossos próprios problemas
Por um momento, por menor que seja, teremos a chance de esquecer nossas preocupações.
Dedicados a resolver o problema do outro (SEMPRE mais fácil do que os nossos), descansamos nossa mente. Ganhamos energia para o próximo round de nossa própria luta.
Esta pausa pode nos dar novo fôlego ou simplesmente ser um descanso momentâneo.


2) Olhar por um outro ângulo
Vez ou outra, teremos a oportunidade de relativizar nossos próprios problemas á luz do que encontramos nestes momento. Afinal, alguns de nossos problemas não são tão grandes assim...
Uma vez ajudei Teresa, a senhora que vende balas na porta da escola de meu filho. A situação dela era impossível de ser resolvida sozinha, pois precisava “estacionar” o carrinho que havia quebrado no meio de uma rua deserta. Jamais esquecerei o olhar desesperado, a preocupação com o patrimônio em risco, com o dia de by Savings Sidekick">trabalho desperdiçado, com as providências inevitáveis e caras. E jamais me esquecerei do olhar úmido e agradecido, apesar de eu jamais ter comprado nada dela. Nem antes nem depois.
Olhei com distanciamento o problema de Teresa. E fiquei grata por não ter que trabalhar na rua, por ter tantos recursos e by Savings Sidekick">oportunidades. E agradeci por estar lá, naquela hora, na rua de pouco movimento, e poder oferecer meus braços para ela.


3) Não há antes, nem depois ...
Na intricada teia de nossos by Savings Sidekick">relacionamentos, dívidas e depósitos se amontoam. Ajudar um conhecido muitas vezes cria vínculos ou situações complexas. Ás vezes, ele espera retribuir. Outras vezes, esperamos retribuição. Se temos ressentimentos com a pessoa, ajudá-la nem sempre deixa um gosto bom na boca. Se ela tem ressentimentos conosco, fica tudo muito ruim também.
Já com estranhos são simples. É ali, naquela hora. Depois acabou. E não há antes. Que alívio!
(mas não vamos deixar de ajudar os conhecidos dentro de nossas possibilidades, hein?)


4) A gratidão pelo inesperado é deliciosa
Quem se lembra de uma vez em que recebeu uma gentileza inesperada? Não é especial? E nem sempre estamos merecendo, mal-humorados por conta do revés em questão.
Ou quando ajudamos alguém e recebemos aquele olhar espantado e feliz?
Ontem mesmo, eu estava numa fila comum de banco. Um senhor bem velhinho estava atrás de mim. Na hora em que fui chamada, pedi que ele fosse primeiro. “Mas por que, minha filha?”. “Pelos seus cabelos brancos”, respondi. Ele, agradecido, me deu uma balinha de hortelã. Tudo muito singelo, muito fácil de fazer, mas o sentimento foi boooom.


5) Quase sempre, é fácil de fazer.
Uma vez eu fiquei envolvida por uma semana com uma mãe e um bebê que vieram para São Paulo para uma cirurgia e não tinha ninguém para esperar no aeroporto. Levei para um hotel barato, acompanhei por uma semana e tive medo de estar sendo usada, reforçada pelo ceticismo de muitas pessoas ao meu redor. No final, deu tudo certo e a história era verdadeira.
Mas na maioria dos casos, não é preciso tanto risco ou tanto tempo. Uma informação; um abaixar para pegar algo que caiu; uma dica sobre um produto no supermercado. Dar o braço para um cego (nunca pegue a mão dele, deixe que ele pegue o seu braço, aprendi com meu experiente marido). Facílimo, diria o Léo. E vamos combinar, fácil é tudo que precisamos quando o dia está difícil, certo?

6) Amor, meu grande amor
Finalmente, ajudar estranhos evoca o nosso melhor eu. É comum termos sentimentos de inadequação, baixa auto-estima e insatisfação conosco quando estamos sob tempo nublado. E ajudar o outro nos lembra que somos bons e capazes. Ajudar um estranho demonstra desapego, generosidade, empatia pelo próximo. E saber que somos tudo isto quando o coração está cinza... É para olhar com orgulho no espelho, não?

Portanto, se hoje não é o seu dia... Faça o dia de alguém. E se é um dia glorioso... Vai ficar melhor!

Fonte:http://www.vivermaissimples.com/2011/03/vida-dificil-ajude-um-estranho.html

Karoline Toledo Pinto

Karoline Toledo Pinto
Karoline Agente Penitenciária a quase 10 anos , bacharelada no curso de Psicologia em uma das melhores Instituição de Ensino Superior do País , publica um importante ARTIGO SOBRE AS DOENÇAS QUE OS AGENTES PENITENCIÁRIOS DESENVOLVEM NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES . Aguardem em breve aqui será publicado .APESAR DAS PERSEGUIÇÕES INFUNDADAS DAS AMEAÇAS ELA VENCEU PARABÉNS KAROL SE LIBERTOU DO NOSSO MAIOR MEDO A IGNORÂNCIA CONTE COMIGO.. OBRIGADO CLAUDIO VITORINO

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