
Ninguém desconhece que a prevenção é o melhor antídoto para a violência. Mas a criminalidade adquiriu tal dimensão, que somente uma forte campanha repressiva poderá contê-la.
Com seis episódios de latrocínio e sete mortes apenas nos primeiros 22 dias de 2013, os gaúchos nem precisam de outras estatísticas para constatar que estão vivendo sob o risco diário de serem assassinados por bandidos e assaltantes que agem à luz do dia, confiantes de que não haverá policiamento por perto. A insegurança pública no Estado é escandalosa: não passa semana sem que bancos sejam explodidos, casas comerciais sejam arrombadas, postos de combustíveis sejam roubados, carros sejam furtados e, o pior, pessoas sejam mortas por delinquentes ousados, impiedosos e covardes. O registro deste início de ano, de um latrocínio a cada quatro dias, encobre pela brutalidade centenas de outros crimes que ocorrem a toda hora e em toda parte, dos grandes centros urbanos à mais remota área rural.
Onde está a polícia? Essa, evidentemente, é a primeira pergunta que o cidadão amedrontado faz, pois elege governantes e paga tributos para contar com o mínimo de segurança por parte do Estado. Ninguém desconhece que a prevenção é o melhor antídoto para a violência. Investir em educação, em oportunidades de trabalho, em lazer e vida digna para todos é o caminho para a construção de uma sociedade civilizada. Só que o Brasil, Rio Grande do Sul incluído, já passou há muito do ponto de prevenção. A criminalidade adquiriu tal dimensão, que somente uma forte campanha repressiva poderá contê-la.
Não é o que se vê no Estado. Por mais bem-intencionada que seja a política de segurança pública do atual governo, parece inexistir um plano de repressão efetiva a assaltos, roubos e assassinatos. E a ausência de policiamento ostensivo reforça ainda mais a sensação de insegurança da população, que evidentemente se potencializa quando ocorrem episódios deploráveis como o assalto da última terça-feira a uma lancheria no bairro Jardim Carvalho. Que comerciante pode exercer sua atividade com segurança diante de uma perspectiva dessas? Que frentista de posto de gasolina trabalha tranquilo nesta cidade? Qual o motorista de táxi que tem serenidade para pegar um passageiro à noite? Quem estaciona o carro em via pública na Região Metropolitana sem o risco de uma arma encostada na cabeça?
Estamos perdendo esta ímpia e injusta guerra para os criminosos, que se sentem cada vez mais estimulados a cometer delitos porque contam com o descaso do Estado, a desatenção da polícia e a inação do sistema judiciário. Que resposta o poder público dá para esta situação de calamidade? Falta de recursos para pagar policiais é uma desculpa inaceitável. Estatísticas maquiadas por mudanças nos critérios de aferições de crimes também não servem mais.
A vida real _ ou a morte real _ exige uma ação mais visível e mais eficiente. Os gaúchos têm o direito de viver sem medo.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Realmente estas constatações do editorial se aproximam da realidade: "a criminalidade adquiriu tal dimensão, que somente uma forte campanha repressiva poderá contê-la", que "estamos perdendo esta ímpia e injusta guerra" e que "os criminosos, que se sentem cada vez mais estimulados a cometer delitos porque contam com o descaso do Estado, a desatenção da polícia e a inação do sistema judiciário." Vê-se que o problema é complexo, porém não depende só da prevenção e da repressão, mas da vontade política e judiciária em fazer uma reforma profunda nas leis; na postura dos Poderes em relação às questões e instrumentos de ordem pública; e na construção de um Sistema de Justiça Criminal onde os as ações, os processos e as decisões sejam ágeis, integradas, desburocratizadas e comprometidas na preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, submetendo o direito individual à supremacia do interesse público. O resto é chover no molhado!
Fonte:http://blogdainseguranca.blogspot.com.br/2013/01/inseguranca-publica.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+BlogDaInsegurana+%28%3Cb%3E+BLOG+DA+INSEGURAN%C3%87A+%3C/b%3E%29
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