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quarta-feira, 17 de julho de 2013
Discriminação Racial
As origens e a realidade das desigualdades raciais no Brasil e a polêmica em torno das medidas para repará-las
Parece que o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre nos convenceu: moramos num país tropical, abençoado por Deus, onde todo inundo tem a chance de namorar uma nega chamada Tereza - tudo com muita camaradagem e muito orgulho. Mas, no fundo, no fundo, a situação é bem diferente. Ainda que nosso clima continue sendo tropical, ainda que o ditado popular garanta que Deus é brasileiro e ainda que existam muitas negras e mulatas lindas por aqui, a qualidade das relações inter-raciais no país passa longe do sentimento de orgulho. A discriminação racial não aparece como violência explícita em bata-lhas campais entre brancos e negros. No entanto, as estatísticas comprovam que a parcela preta e mulata da população tem uma qualidade de vida muito inferior à da porção branca e encontra muito menos oportunidades de ascensão social.
Desigualdade em números
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2005, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do total de 184,4 milhões de brasileiros, 49,9% são brancos, 43,2%, pardos (mestiços de pretos, brancos e índios), 6,3%, pretos e 0,7% é da raça amarela ou de indígenas. O IBGE trabalha no censo com as categorias pretos e pardos, com base na autodeclaração das pessoas, mas os estudiosos costumam somar pretos e pardos para totalizar os negros (incluindo mula-tos e mestiços), por representarem uma realidade social distinta da dos brancos. Assim, os negros representam 49,5% da população brasileira - proporção praticamente igual à de brancos na população. Mas as igualdades param por aí.
Conforme o relatório Retratos da Desigualdade, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), em 2004 o analfabetismo atingia 11,4% da população brasileira. Entre os brancos, a porcentagem caía para 7,2% e, entre os negros, subia para 16,2%. A média de estudo dos brancos é de 7,7 anos, contra 5,8 anos da dos negros. Com menos estudo, surgem menos oportunidades de trabalho: a taxa de desemprego em 2004 era de 7,9% entre brancos e de 10% entre negros. Outro relatório do IBGE, Indicadores Sociais, de 2005, mostra que os negros somam 66% das pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza, ou seja, com menos de meio salário mínimo mensal de renda domiciliar per capita. E as desigualdades seguem na saúde, na habitação, no consumo e na violência (veja o infográfico abaixo). Tudo isso comprova que a idéia de que o Brasil vive uma democracia racial não passa de mito.
O mito da democracia racial
Gilberto Freyre contribuiu bastante para a visão de que o brasileiro não discrimina ninguém pela raça. No livro Casa Grande e Senzala (1933), Freyre defende a idéia de que nosso povo se criou de uma relação de antagonismo harmonioso entre os portugueses, os escravos africanos e os índios, em que as desigualdades não foram motivo de choques violentos. Para o autor, os mestiços - particular-mente os mulatos, filhos dos senhores europeus brancos com as escravas pretas - constituíram um dos principais canais que levaram os brancos a assimilar a cultura dos pretos. Por isso, para Freyre, não temos no Brasil um racismo explícito e violento, como nos Estados Unidos.
Trazidos para o Brasil como escravos do século XVI até meados do XIX, os pretos passaram todo o período colonial e imperial como escravos, como mera mercadoria. Por volta de 1870, época da assinatura da Lei do Ventre Livre, que tornou libertos os filhos de escravos, boa parte da elite intelectual brasileira estava convencida da inferioridade biológica dos negros. E o que se chama de racismo científico - uma doutrina ideológica fundamentada em premissas supostamente científicas, surgida na Europa, que pregava não só a superioridade dos brancos como também a idéia de que a miscigenação desses com os negros só contribuiria para degradar a "raça brasileira".
Estima-se que, quando a Lei Áurea foi assinada, em 13 de maio de 1888, dos quase 800 mil escravos libertados, apenas 0,9% de pretos c mulatos sabia ler. Sem nenhuma educação formal, milhões trocaram a condição de escravo pela de homens e mulheres livres sem qualificações nem condições mínimas para melhorar de vida. O governo da época não teve uma ação política para integrar essa imensa parcela da população à vida social e econômica da nação, como distribuir terras aos ex-escravos e universalizar o acesso a escolas. Ao contrário, com o fim da mão-de-obra escrava, o Estado incentivou a imigração: italianos, japoneses, espanhóis e alemães ocuparam, então, os principais postos de trabalho na lavoura e na indústria nascente. A medida fazia parte de uma política de branqueamento da população brasileira, então com grande parcela negra.
Estava criado um círculo vicioso que dura até hoje: o negro não conseguia trabalho porque não tinha estudo e não podia educar os filhos porque não possuía trabalho. Assim, a discriminação racial no Brasil passa a andar de mãos dadas com a fortíssima concentração de renda, característica que ainda persiste. Muitos críticos até abraçam a idéia de que o negro brasileiro não sofre discriminação racial, mas, sim, de classe social - um preconceito resultante da condição de pobreza herdada de seus ancestrais.
Vítimas da violência
Hoje, de modo geral, o branco brasileiro ouve música de origens negras, usa penteados afro e janta em elegantes e caros restaurantes que servem pratos típicos da cozinha baiana - de fortes raízes africanas. No entanto, o negro continua com o acesso restrito ao mercado de trabalho e de consumo, ao mesmo tempo que se torna a principal vítima da violência.
A Constituição brasileira de 1988 - o ano do centenário da abolição da escravatura - classifica qualquer prática racista como crime inafiançável e imprescritível. Por isso, nenhuma empresa faz restrição explícita à contratação ou à ascensão funcional de negros. No entanto, uma pesquisa do Instituto Ethos com as 500 maiores empresas nacionais, em 2005, mostra que entre os executivos dessas companhias existem apenas 3,4% de negros. Há uma discriminação velada.
A violência atinge mais os negros, principalmente nas grandes cidades. Em São Paulo, em 2003, a taxa de homicídios entre os brancos era de 42,6 a cada 100 mil habitantes, enquanto para os negros esse índice era de 70 a cada 100 mil. No Recife, a discrepância era maior ainda: 15,5 brancos contra 102,3 negros (veja o infográfico ao lado).
A discriminação velada dá aos negros um tratamento diferenciado perante os agentes do Estado, em especial a polícia e o Poder Judiciário - o que tem tudo a ver com a violência. Pesquisa feita no Rio de Janeiro indica que a cor da pele define se um policial faz ou não revista corporal em um suspeito. Dos negros abordados, 55% passaram pelo procedimento, contra apenas 32% dos brancos. Outro levantamento mostra que, apesar de comporem menos da metade da população carioca, os pretos e pardos representam 72% do total de civis mortos pela polícia em 2002.
Na Justiça, a situação também é de desvantagem. Um estudo sobre a investigação e o julgamento em primeira instância judicial de casos de roubo com uso de arma, em São Paulo, mostra que esse tipo de crime é cometido tanto por negros quanto por brancos, na mesma proporção. Só que os negros têm 9% mais probabilidade de ser condenados, porque são mais perseguidos pela polícia e enfrentam maior dificuldade de acesso ao direito de defesa. Ações afirmativas
A partir dos anos 1990, os movimentos negros do Brasil começam a cobrar do Estado medidas reparadoras de sua situação de desvantagem social. A principal reivindicação passou a ser as ações afirmativas, que estabelecem um tratamento diferenciado para compensar as desvantagens acumuladas historicamente por grupos discriminados. São políticas públicas emergenciais e temporárias, que visam a diminuir rapidamente as desigualdades, como a criação de cotas para negros nas universidades públicas ou nas empresas.
Essa e outras medidas foram incluídas na proposta do Estatuto da Igualdade Racial, um projeto de lei que tramita desde 1998 no Congresso Nacional e vem causando polêmica. De um lado estão os defensores da necessidade premente dessas ações emergenciais para aproximar os negros de melhores condições de vida.
De outro, os críticos, que dizem que uma lei desse tipo estimularia o racismo em vez de combatê-lo, pois dividiria a população em grupos raciais ou étnicos - uns mais, outros menos favorecidos pelas políticas públicas, e colocaria uma questão difícil: como definir quem é ou não negro para se beneficiar das ações afirmativas? Há ainda os que pensam que as dificuldades de inclusão social enfrentadas pelos negros não têm a ver, necessariamente, com a cor da pele, mas, sim, com a condição de pobreza - a mesma que afeta grande parcela da população branca também.
O estabelecimento de cotas em algumas universidades continua gerando debates acalorados. A favor das cotas argumenta-se que é preciso compensar as dificuldades maiores sofridas pelos negros no decorrer da vida escolar e garantir seu acesso ao ensino superior. Contra elas, há quem considere primordial resolver os problemas da educação básica para toda a população. Enquanto isso, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que prevê a criação de cotas nas universidades federais para negros e indígenas.
Raça, racismo e ciência
O racismo, doutrina segundo a qual um povo é superior a outro devido à sua raça, justifica a subordinação de um povo a outro em termos biológicos. A partir dos meados do século XIX, a Europa, embalada pelas descobertas e teorias sobre a origem e a evolução do homem, fez uso dessa doutrina pseudo-científica como justificativa formal para os sistemas de dominação dos povos das Américas, da África e da Ásia. Hoje a idéia de que a desigualdade cultural entre diferentes povos é um fenômeno biológico e, portanto, permanente, não é mais aceita. De modo geral, todas as democracias ocidentais reconhecem e garantem em lei a igualdade de direitos entre todos os cidadãos, independente-mente de cor e raça.
Mesmo o conceito de raça sofreu grandes revisões e é tema controverso na ciência atual. Algumas pesquisas mostram que existem grupos com códigos genéticos claramente distintos espalhados pelo mundo - o que configuraria a existência das raças. Outras indicam que tais diferenças ocorrem na forma de pequenas variações genéticas, que não permitiriam separar a humanidade em grupos raciais definidos. Uma terceira linha de investigação indica, ainda, que podem haver mais semelhanças entre o DNA de um branco e um negro do que entre o de dois brancos. Seja como for, um fato é certo: não existe nenhuma evidência científica de que as características físicas de um povo ou de um indivíduo influenciem sua condição e seu desenvolvimento social, cultural e intelectual.
Fonte:http://www.dombosco.sebsa.com.br/curso/estudemais/atualidades/atualidades_discriminacao.php
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Claudio Vitorino em ação..
Aquele que acredita que o interesse coletivo está acima do interesse individual , que acredita que tudo e possível desde que tenha fé em Deus e coragem para superar os desafios...
Vida difícil? Ajude um estranho .
Pode parecer ilógico -no mínimo pouco prioritário- ajudar um estranho quando as coisas parecem confusas na nossa vida. Mas eu venho aprendendo que este é um poderoso antídoto para os dias em que tudo parece fora do lugar.
Como assim, pergunta o meu leitor mais cético? E eu explico:
Há duas situações clássicas onde podemos auxiliar uma pessoa que não conhecemos. A primeira é através de doações e gestos similares de caridade. Estes atos são maravilhosos e muito recomendáveis, mas não é deles que quero falar hoje. Escolhi o segundo tipo: aquelas situações randômicas onde temos a oportunidade de fazer a diferença para uma pessoa desconhecida numa emergência qualquer. Na maioria das vezes, pessoas com quem esbarramos em locais públicos, envolvidas em situações que podem ir do estar atrapalhado até o precisar de mãos para apagar um incêndio.
Eu vejo pelo menos seis motivos para ajudar um estranho:
1) Divergir o olhar de nossos próprios problemas
Por um momento, por menor que seja, teremos a chance de esquecer nossas preocupações.
Dedicados a resolver o problema do outro (SEMPRE mais fácil do que os nossos), descansamos nossa mente. Ganhamos energia para o próximo round de nossa própria luta.
Esta pausa pode nos dar novo fôlego ou simplesmente ser um descanso momentâneo.
2) Olhar por um outro ângulo
Vez ou outra, teremos a oportunidade de relativizar nossos próprios problemas á luz do que encontramos nestes momento. Afinal, alguns de nossos problemas não são tão grandes assim...
Uma vez ajudei Teresa, a senhora que vende balas na porta da escola de meu filho. A situação dela era impossível de ser resolvida sozinha, pois precisava “estacionar” o carrinho que havia quebrado no meio de uma rua deserta. Jamais esquecerei o olhar desesperado, a preocupação com o patrimônio em risco, com o dia de by Savings Sidekick">trabalho desperdiçado, com as providências inevitáveis e caras. E jamais me esquecerei do olhar úmido e agradecido, apesar de eu jamais ter comprado nada dela. Nem antes nem depois.
Olhei com distanciamento o problema de Teresa. E fiquei grata por não ter que trabalhar na rua, por ter tantos recursos e by Savings Sidekick">oportunidades. E agradeci por estar lá, naquela hora, na rua de pouco movimento, e poder oferecer meus braços para ela.
3) Não há antes, nem depois ...
Na intricada teia de nossos by Savings Sidekick">relacionamentos, dívidas e depósitos se amontoam. Ajudar um conhecido muitas vezes cria vínculos ou situações complexas. Ás vezes, ele espera retribuir. Outras vezes, esperamos retribuição. Se temos ressentimentos com a pessoa, ajudá-la nem sempre deixa um gosto bom na boca. Se ela tem ressentimentos conosco, fica tudo muito ruim também.
Já com estranhos são simples. É ali, naquela hora. Depois acabou. E não há antes. Que alívio!
(mas não vamos deixar de ajudar os conhecidos dentro de nossas possibilidades, hein?)
4) A gratidão pelo inesperado é deliciosa
Quem se lembra de uma vez em que recebeu uma gentileza inesperada? Não é especial? E nem sempre estamos merecendo, mal-humorados por conta do revés em questão.
Ou quando ajudamos alguém e recebemos aquele olhar espantado e feliz?
Ontem mesmo, eu estava numa fila comum de banco. Um senhor bem velhinho estava atrás de mim. Na hora em que fui chamada, pedi que ele fosse primeiro. “Mas por que, minha filha?”. “Pelos seus cabelos brancos”, respondi. Ele, agradecido, me deu uma balinha de hortelã. Tudo muito singelo, muito fácil de fazer, mas o sentimento foi boooom.
5) Quase sempre, é fácil de fazer.
Uma vez eu fiquei envolvida por uma semana com uma mãe e um bebê que vieram para São Paulo para uma cirurgia e não tinha ninguém para esperar no aeroporto. Levei para um hotel barato, acompanhei por uma semana e tive medo de estar sendo usada, reforçada pelo ceticismo de muitas pessoas ao meu redor. No final, deu tudo certo e a história era verdadeira.
Mas na maioria dos casos, não é preciso tanto risco ou tanto tempo. Uma informação; um abaixar para pegar algo que caiu; uma dica sobre um produto no supermercado. Dar o braço para um cego (nunca pegue a mão dele, deixe que ele pegue o seu braço, aprendi com meu experiente marido). Facílimo, diria o Léo. E vamos combinar, fácil é tudo que precisamos quando o dia está difícil, certo?
6) Amor, meu grande amor
Finalmente, ajudar estranhos evoca o nosso melhor eu. É comum termos sentimentos de inadequação, baixa auto-estima e insatisfação conosco quando estamos sob tempo nublado. E ajudar o outro nos lembra que somos bons e capazes. Ajudar um estranho demonstra desapego, generosidade, empatia pelo próximo. E saber que somos tudo isto quando o coração está cinza... É para olhar com orgulho no espelho, não?
Portanto, se hoje não é o seu dia... Faça o dia de alguém. E se é um dia glorioso... Vai ficar melhor!
Fonte:http://www.vivermaissimples.com/2011/03/vida-dificil-ajude-um-estranho.html
Fonte:http://www.vivermaissimples.com/2011/03/vida-dificil-ajude-um-estranho.html
Karoline Toledo Pinto
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