Apesar de você/ amanhã há de ser/ outro dia” Chico Buarque
A primavera brasileira está florida: como as demais que já exibiram suas rosas de liberdade – como a de Praga, contra a dominação soviética na década de 70, e a árabe de agora, que sacou do poder notáveis tiranos. No nosso caso, começou muito difusa por ficarmos tanto tempo calados, mas clamamos agora contra toda forma de corrupção, entre as quais a pior delas, a corrupção de prioridades, cujo maior exemplo se dá nos preparativos para a Copa, que fez o povo entender -e acordar do maquiavélico ilusionismo lulopetista – ao perceber como se gasta R$ 1 bilhão em um estádio para ser usado poucas vezes, isto em regiões onde se tem total carência de recursos para saúde, segurança e educação. E para atender a uma organização como a Fifa, cujos dirigentes, brasileiros ou não, foram obrigados pelos ministérios públicos do primeiro mundo a sair pela porta dos fundos acusados de receber propina.
Tudo começou com o aumento de 0,20 na passagem de ônibus em SP. Foi a gota d’água. Porque a população não aguenta mais ser enganada com o conto da conta de luz mais baixa. Com a promessas de transposição das águas do rio São Francisco, enquanto sucumbe à maior seca dos últimos 50 anos. Com projetos sem pé e sem cabeça do PAC I e PAC II, incluindo um trem-bala para otários. Com hospitais lotados, sem médicos e equipamentos. Com balas perdidas e bandidos tirando a vida de nossos filhos e entes queridos.
Com a ineficiência e a falta de gestão nas escolas, aliadas à falta de prestígio dispensada aos professores – pagamos altos impostos – cerca de 36% do PIB, e não temos retorno. Os números são matadores: enquanto gastamos cerca de US$ 900 por aluno, em países onde a educação é prioridade, se gasta até dez vezes mais.Mesmo naqueles países mais pobres que nós, que já somos a sexta economia do mundo. A educação não é importante para o comissariado, se fosse, faríamos agora a revolução máxima educando a nação, só com a dinheirama pública queimada, ao fazer estes verdadeiros elefantes brancos, que são os estádios de R$ 1 bilhão. Detalhe: como cereja de bolo, no Rio, o Maracanã foi “cedido” a Eike Batista para exploração por 20 anos, após todos esses aportes de dinheiro público, não é lindo?
Ulisses Guimarães, um dos pais da Pátria, sabia ouvir o povo e cunhou o termo que dá título a este artigo. Já Lula, oportunista da Pátria, sumiu quando as vozes da rua se mostraram insatisfeitas com sua criatura: “a mãe do PAC”. Alguém viu este cidadão? Ele falou algo relevante? Ou será que ainda está na Venezuela ajudando a engrupir a população com o passarinho chavista? Terá sido dele a ideia da constituinte exclusiva? E agora a do plebiscito para colocar de vez um nariz de palhaço na população brasileira?
São dez anos de Mensalão e assemelhados: não dá mais para segurar. Cadeia para os mensaleiros e julgamento para o sr. Lula aqui em Minas Gerais – que nunca fugiu às suas responsabilidades. Encerraremos assim esse triste ciclo de corrupção e embuste, que transformou este país em um balcão de negócios, que banalizou o delito e deixou nosso povo achar que a meritocracia não existe, já que roubar do erário é o caminho mais fácil para o sucesso.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da ALU-Academia de Letras de Uberlândia
Fonte:http://www.correiodeuberlandia.com.br/pontodevista/2013/07/06/a-voz-rouca-das-ruas/
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