Em Uberlândia, 23% dos jovens de 16 e 17 anos têm título de eleitor
Carlos Paganini, 17, já tem o título de eleitor e acredita que é bom começar a votar cedo
Enquanto 43,2% dos jovens brasileiros com 16 e 17 anos têm o título de eleitor e podem votar no pleito deste ano, 22,9% dos adolescentes de Uberlândia nessa faixa etária têm interesse em ir às urnas. Dos 20,3 mil adolescentes que residem no município, de acordo com o Censo 2010 do IBGE, 4,7 mil estão aptos a participar da escolha do próximo prefeito e dos 27 vereadores que vão compor a legislatura 2013/2016. Em relação às eleições de 2008, houve na cidade um crescimento de 1,3 ponto percentual na proporção de eleitores de 16 e 17 anos, se for considerado o número total de jovens nessas idades.
Ainda assim, há uma discrepância quando o percentual é comparado ao número nacional. De acordo com a professora de Filosofia Política da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Ana Maria Said, a situação pode ser explicada pela cultura de formação política da região.
Segundo ela, os jovens uberlandenses não dão tanta importância para o sistema político quanto deveriam. “É uma questão cultural, de formação de mentalidade, formação política, formação democrática da juventude e de informação. É preciso mostrar aos jovens que é importante escolher, que há possibilidade de transformação e isso está na mão deles”, disse.
O estudante Matheus Henrique Rosa, de 16 anos, faz parte do grupo que preferiu, por enquanto, não tirar o título eleitoral. Para ele, decidir o futuro político de Uberlândia é uma responsabilidade muito grande. “Preferi deixar para votar mais pra frente para ter mais certeza das coisas que quero e poder fazer uma escolha melhor.”
Aline Teixeira, de 17 anos, também vai esperar. “Nas próximas eleições eu já terei a idade obrigatória e, com certeza, estarei mais madura, com pensamentos mais certos, focados, e terei mais condições de escolher bem nossos representantes”, afirmou.
Apesar de muitos jovens deixarem de ir às urnas por falta de estímulo ou por se sentirem despreparados para esta responsabilidade, o estudante Carlos Paganini, de 17 anos, fez questão de tirar o título de eleitor e já tem estratégias para escolher em quem depositar seu voto de confiança neste pleito. “Acredito que é bom começar desde agora a ajudar a escolher o futuro da nossa cidade.”
Jovens deveriam ter mais empenho
Matheus Henrique Rosa, 16, adiou a responsabilidade do voto para “fazer uma escolha melhor”
O percentual de jovens com 16 e 17 anos aptos a votar tanto em Uberlândia quanto no país ainda é baixo. Na avaliação do professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer, é importante que os adolescentes dessa faixa etária se empenhem mais nas questões políticas e sociais. “Muitos desses jovens já começam no trabalho formal e pagam tributos, como INSS, e deveriam participar mais da sociedade e da vida política do país”, disse.
Fleischer afirmou também que o interesse dos jovens menores de 18 anos pelo sistema político pode forçar os candidatos a ter mais propostas que beneficiem essa faixa etária, como melhorias para as escolas secundárias, principalmente para a etapa preparatória para o vestibular, e geração de empregos.
Eleitorado com mais de 70 cresce 28%
Se, por um lado, a proporção de adolescentes de 16 e 17 anos que tiraram o título de eleitor cresceu 1,3 ponto percentual de 2008 para 2012, em Uberlândia, por outro, o aumento da expectativa de vida fez crescer em 28,16% a quantidade de eleitores acima de 70 anos. Este grupo que, assim como os menores de idade, tem voto opcional, passou de 21,7 mil, há quatro anos, para 27,8 mil, neste ano.
Em Uberlândia, os eleitores acima de 70 anos representam 5,48% do contingente apto a votar. O pleito de 2012 será o primeiro em que o aposentado Manoel Joaquim Rios (70) poderá optar por votar, mas ele já decidiu. “Eu vou votar enquanto der conta de ir até a sessão. A gente tem que escolher os nossos representantes. É uma forma de eu exercer a minha cidadania”, afirmou.
A também aposentada Maria das Graças Ferreira (73) compartilha do mesmo pensamento. “Enquanto eu estiver com saúde eu vou votar sim. É importante a gente eleger quem a gente quer que represente o povo, que administre a cidade, escolher quem é melhor para comandar e fazer as coisas que precisam ser feitas.”
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