Pacientes amputados devem começar a receber implantes no começo de 2013
O pesquisador Max Ortiz Catalan, que desenvolveu a mão
artificial, demonstra seu funcionamento. Os eletrodos implantados por
cima de sua pele captam os sinais dos neurônios e os envia até a prótese
(Oscar Mattsson/Divulgação)
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Tecnologia Chalmers, na
Suécia, está desenvolvendo um braço artificial que pode ser controlado
pelo pensamento dos pacientes. "Nossa tecnologia vai ajudar indivíduos
amputados a controlar o braço artificial de modo muito parecido ao que
controlaria seu braço biológico", diz Max Ortiz Catalan, estudante de
doutorado na universidade e coordenador do projeto. O pesquisador
pretende implantar a tecnologia nos primeiros pacientes no começo de
2013.
Desde os anos 60, existem próteses controladas por impulsos elétricos
dos músculos. No entanto, essa tecnologia ainda é muito limitada, e as
próteses são difíceis de controlar. "Todos os movimentos devem ser
pré-programados. É como dirigir uma Ferrari sem um volante. Por causa
disso, nós estamos desenvolvendo uma nova interface com o corpo humano,
usando sistemas de controle naturais e intuitivos", diz Max Ortiz
Catalan.
Os pesquisadores desenvolveram uma mão robótica capaz de imitar os
movimentos reais, com motores no pulso e em cada dedo, permitindo
controlar cada um deles de modo independente. Para implantar o braço no
corpo do paciente, será utilizada uma tecnologia conhecida como
osseointegração, que liga a prótese ao osso por meio de uma superfície
de titânio. Como o titânio não é rejeitado pelo corpo, a prótese fica
diretamente ancorada ao esqueleto do indivíduo. A partir daí, é
necessário captar e traduzir os sinais emitidos pelo cérebro do
paciente.
Integrum
O braço artificial será controlado pelo cérebro do paciente. Ao pensar
no movimento, seus neurônios vão transmitir sinais elétricos para os
eletrodos, que controlam o implante
Controlado pelo pensamento — No atual estágio da
pesquisa, os cientistas obtêm os sinais elétricos emitidos pelos
neurônios dos pacientes por meio de eletrodos colocados por cima de sua
pele. Esses sinais são decodificados por algoritmos desenvolvidos pelos
pesquisadores e controlam os movimentos da mão artificial. "Muitos dos
pacientes nos quais testamos a tecnologia são amputados há mais de dez
anos e nunca mais haviam pensado em mover suas mãos. Mas nós colocamos
os eletrodos em seus braços e, em poucos minutos, eles foram capazes de
controlar os braços artificiais de modo que não imaginavam ser
possível", diz Catalan.
Os pesquisadores dizem que, no entanto, implantar os eletrodos por cima
da pele traz uma série de problemas. Os sinais captados pela tecnologia
mudam conforme a pele se move, uma vez que os eletrodos mudam de
posição. Além disso, o sinal elétrico também é alterado pelo suor do
indivíduo. Por isso, os cientistas planejam implantar os eletrodos
dentro do braço dos pacientes, diretamente nos nervos e músculos
restantes. Desse modo, eles estarão mais próximos da fonte do sinal e
protegidos pelo corpo, gerando sinais muito mais estáveis.
Nas próteses existentes no mercado, os amputados usam somente sinais
visuais ou auditivos para controlar os braços artificias. Isso
significa, por exemplo, que ele precisa olhar ou ouvir os motores da
prótese para estimar a força que será aplicada para pegar um objeto e
movê-lo. Os pesquisadores esperam que, com o novo método, os pacientes
possam receber as respostas de seus movimentos a partir dos próprios
eletrodos implantados em seu braço. Eles estimulariam os neurônios, que
levariam os sinais até o cérebro do paciente, de modo muito parecido com
o que acontece naturalmente.
Segundo Max Ortiz Catalan, a tecnologia deve começar a ser implantada
em pacientes amputados no começo de 2013. "Ao testar o método em poucos
pacientes, nós podemos mostrar que ele realmente funciona, e desenvolver
ainda mais a tecnologia. Pretendemos que ele se torne uma realidade
para muitas pessoas. Nós queremos deixar o laboratório e nos tornar
parte da vida dos pacientes", afirma o pesquisador.
Homem biônico
Projetos de membros artificiais e interfaces eletrônicas que prometem
substituir partes do corpo afetadas por doenças ou ferimentos
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Perna biônica
Funciona de modo parecido com o braço artificial desenvolvido na
Universidade de Tecnologia Chalmers. A perna biônica projetada pelo
Instituto de Reabilitação de Chicago também é controlada pelos neurônios
dos pacientes e obedece às ordens dadas por seu cérebro. Além disso, o
aparelho interage com o indivíduo, percebendo quando ele quer subir um
degrau, por exemplo, e dando um empurrão a mais. No dia 4 de novembro, o
americano Zac Vawter, que havia perdido a perna em um acidente de moto,
provou que a tecnologia era prática. Ele usou a perna biônica para
subir – pela escada – 103 andares de um dos maiores arranha-céus do
mundo, instalado em Chicago.
Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/pesquisadores-apresentam-braco-artificial-controlado-pelo-pensamento