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sábado, 9 de fevereiro de 2013

Preconceito é um fenômeno social e não biológico, dizem cientistas














Em um dos discursos políticos mais famosos da história, Martin Luther King disse que sonhava que seus quatro filhos pequenos pudessem um dia viver "em uma nação na qual eles não sejam julgados pela cor da sua pele, mas pelo conteúdo do seu caráter". Era dia 28 de agosto de 1963.




Cinquenta anos mais tarde, o filho negro adotivo de um casal de brancos foi julgado pela cor de sua pele, e não pelo seu caráter, e expulso de uma revendedora da BMW no Rio de Janeiro. Uma semana depois, o jogador brasileiro Daniel Alves, lateral-direito do Barcelona, declarou em sua conta no Twitter ter sido alvo de racismo pela torcida do estádio e disse que esta é uma "guerra perdida" no país.

O racismo persiste dentro e fora do Brasil (97% da população acredita que há racismo no país, segundo a última pesquisa do Datafolha, de 2009) e há muito tempo deixou de ser algo visto como natural e passou a ser combatido. A ciência, intrigada, se pergunta se há razões evolutivas e/ou biológicas que possam explicar esse tipo de comportamento, além dos claros motivos históricos e sociais.

Não há conclusões unânimes, mas a ciência e os especialistas caminham para o entendimento de que o preconceito seja um conceito aprendido. Por definição, o preconceito é uma "opinião formada antes de ter os conhecimentos adequados. Um sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou independente de experiência ou razão". Assim, foge da postura típica dos animais, que só passam a rejeitar aquilo que os prejudica a partir da experiência adquirida. O racismo prevê uma superioridade racial independente da experiência pessoal.
Biológico x social




Classificação em raças

O naturalista sueco Carl Linnaeus (1707-1768) distinguiu quatro raças principais em 1767, que iam do Homo sapiens europaeus (branco, sério, forte) ao Homo sapiens afer (negro, impassível, preguiçoso) – note o juízo de valor de caráter lado a lado com a cor da pele.

Depois, o antropólogo alemão Johann Friedrich Blumenbach (1752-1840) concluiu que eram cinco as raças do mundo, da causasóide (branca) até a etiópica (negra), passando pela mongoloide (amarela), pela malaia (marrom) e pela americana (vermelha) – divisão usada pela ciência até o século 20.

Uma série de filósofos e cientistas defenderam a hierarquização entre as raças, alguns como Josiah Clark Nott, um médico poligenista, que publicou com um colega "Indigenous Races of the Earth", um famoso "estudo" feito no século 19 dos povos brancos e negros, que media o tamanho dos crânios para dizer que os negros teriam o cérebro menos desenvolvido. A noção foi totalmente refutada mais tarde.

Além disso, as pesquisas mais recentes sobre genética afirmam que a divisão em raças é totalmente obsoleta e que a genética genética de todos os indivíduos é semelhante o suficiente para que a pequena porcentagem de genes que se distinguem.

Há uma linha de estudos na área da neurologia que tenta achar componentes cerebrais ligados ao racismo. Em geral, essas pesquisas mapeiam a atividade de uma estrutura cerebral chamada amígdala, ligada a sensações como medo e ansiedade, quando uma pessoa de uma raça vê uma pessoa de outra raça. A amígdala ativada denotaria a sensação temor em relação a pessoas de outra raça – e isso acontece mesmo em pessoas que se declaram livres de preconceito.



"O estudo não pode ignorar que esses efeitos e reações de brancos e negros a imagens de pessoas brancas e negras estão associados justamente a uma construção social do que é ser negro e ser branco", defende Márcia Lima, professora do departamento de sociologia da USP (Universidade de São Paulo).

Um estudo recém-publicado pela pesquisadora Eva Telzer, da Universidade de Illinois, reforça a posição dos sociólogos. Telzer estudou a reação da amígdala em crianças e adolescentes de 4 a 16 anos. O estudo mostrou que a amígdala não responde à questão racial em crianças: a sensação de medo começa a aparecer ao longo da adolescência, o que pode indicar que o racismo é aprendido ao longo da vida.

Já as pesquisas na área de psicologia experimental, que muitas vezes estudam o comportamento dos animais, poderiam encontrar uma explicação para o racismo de bases evolutivas – apesar de não existir, nos animais, traços de preconceito ou discriminação propriamente dita.

"Nós não identificamos em animais um correlato exato ao preconceito, especialmente porque preconceito é uma construção verbal e social típica das culturas humanas", diz Patrícia Izar, professora doutora do departamento de psicologia experimental da USP. "O que existe, tipicamente entre os primatas, os macacos, é um comportamento de proteger o grupo ao qual eles pertencem, em geral um grupo com alto grau de parentesco, contra outro grupo."

Esta, diz Izar, pode ser considerada uma base evolutiva para o preconceito, uma semente remota. Seguindo a mesma lógica, uma tribo poderia ser hostil à outra tribo vizinha, que não é parte de seu grupo, em uma época em que as diferentes populações do mundo não tinham tanto contato entre si.

Com as navegações e as descobertas de outros povos, o mesmo comportamento teria sido aplicado a eles. Além disso, no desenvolvimento da espécie formam-se grupos sociais que vão além das relações de parentesco comuns entre os animais: são os grupos unidos por raça, religião ou etnia, por exemplo, que também podem ter a tendência a hostilizar os que não fazem parte desse grupo.

Geneticista, Sérgio Pena não concorda com estudos evolutivos. "Ao postular a existência de uma natureza humana evolucionariamente moldada para ser etnocêntrica, paroquial, bairrista e chauvinista, esses discursos geralmente terminam por atribuir ao racismo uma inevitabilidade natural. Isso não é verdade. Pelo contrário, as "raças" e o racismo não têm nenhuma justificativa biológica e não passam de uma invenção muito recente na história da humanidade."

"O problema é descontextualizar esses processos científicos do cenário histórico que os está produzindo. Eu compreendo racismo como um fenômeno social e não um biológico As raças não existem, mas a mentalidade relativa às raças foi reproduzida socialmente", concorda Gevanilda Santos, autora de Racismo no Brasil, entre outros livros sobre o tema.

Sendo uma coisa ou outra, a linha evolutiva pode nos dar uma solução. Izar cita a pesquisadora americana Leda Cosmides, da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, que estudou a percepção de raça no Brasil por essa linha evolutiva. Ela concluiu que o racismo é um "efeito colateral" ou subproduto da identificação por grupos, que desaparece quando é necessário pertencer a um grupo que independe da raça.

Digamos que a torcida de um time de futebol componha um grupo, e que não haja nenhum pressuposto racial para pertencer a esse grupo. Nesse caso, os torcedores de um time se unem e esquecem o racismo para brigar contra o grupo oposto, o do outro time. A conclusão é muito alentadora: para combater o racismo, bastaria propiciar aos indivíduos alternativas de alianças sociais em que a cor da pele não importa.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2013/02/05/ciencia-busca-explicacoes-sociais-e-biologicas-para-explicar-o-preconceito.htm

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Um espaço verdadeiramente democrático , não limitamos e restringimos qualquer tipo de expressão , não toleramos racismo preconceito ou qualquer outro tipo de discriminação..Obrigado Claudio Vitorino

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Claudio Vitorino em ação..

Aquele que acredita que o interesse coletivo está acima do interesse individual , que acredita que tudo e possível desde que tenha fé em Deus e coragem para superar os desafios...

Vida difícil? Ajude um estranho .

Pode parecer ilógico -no mínimo pouco prioritário- ajudar um estranho quando as coisas parecem confusas na nossa vida. Mas eu venho aprendendo que este é um poderoso antídoto para os dias em que tudo parece fora do lugar.

Como assim, pergunta o meu leitor mais cético? E eu explico:
Há duas situações clássicas onde podemos auxiliar uma pessoa que não conhecemos. A primeira é através de doações e gestos similares de caridade. Estes atos são maravilhosos e muito recomendáveis, mas não é deles que quero falar hoje.


Escolhi o segundo tipo: aquelas situações randômicas onde temos a oportunidade de fazer a diferença para uma pessoa desconhecida numa emergência qualquer. Na maioria das vezes, pessoas com quem esbarramos em locais públicos, envolvidas em situações que podem ir do estar atrapalhado até o precisar de mãos para apagar um incêndio.

E o que nós, imersos nas nossas próprias mazelas, distraídos por preocupações sem fim amontoadas no nosso tempo escasso, enfim, assoberbados como sempre... O que nós temos a ver com este ser humano que pode ser bom ou mau, pior, pode sequer apreciar ou reconhecer nosso esforço?


Eu vejo pelo menos seis motivos para ajudar um estranho:


1) Divergir o olhar de nossos próprios problemas
Por um momento, por menor que seja, teremos a chance de esquecer nossas preocupações.
Dedicados a resolver o problema do outro (SEMPRE mais fácil do que os nossos), descansamos nossa mente. Ganhamos energia para o próximo round de nossa própria luta.
Esta pausa pode nos dar novo fôlego ou simplesmente ser um descanso momentâneo.


2) Olhar por um outro ângulo
Vez ou outra, teremos a oportunidade de relativizar nossos próprios problemas á luz do que encontramos nestes momento. Afinal, alguns de nossos problemas não são tão grandes assim...
Uma vez ajudei Teresa, a senhora que vende balas na porta da escola de meu filho. A situação dela era impossível de ser resolvida sozinha, pois precisava “estacionar” o carrinho que havia quebrado no meio de uma rua deserta. Jamais esquecerei o olhar desesperado, a preocupação com o patrimônio em risco, com o dia de by Savings Sidekick">trabalho desperdiçado, com as providências inevitáveis e caras. E jamais me esquecerei do olhar úmido e agradecido, apesar de eu jamais ter comprado nada dela. Nem antes nem depois.
Olhei com distanciamento o problema de Teresa. E fiquei grata por não ter que trabalhar na rua, por ter tantos recursos e by Savings Sidekick">oportunidades. E agradeci por estar lá, naquela hora, na rua de pouco movimento, e poder oferecer meus braços para ela.


3) Não há antes, nem depois ...
Na intricada teia de nossos by Savings Sidekick">relacionamentos, dívidas e depósitos se amontoam. Ajudar um conhecido muitas vezes cria vínculos ou situações complexas. Ás vezes, ele espera retribuir. Outras vezes, esperamos retribuição. Se temos ressentimentos com a pessoa, ajudá-la nem sempre deixa um gosto bom na boca. Se ela tem ressentimentos conosco, fica tudo muito ruim também.
Já com estranhos são simples. É ali, naquela hora. Depois acabou. E não há antes. Que alívio!
(mas não vamos deixar de ajudar os conhecidos dentro de nossas possibilidades, hein?)


4) A gratidão pelo inesperado é deliciosa
Quem se lembra de uma vez em que recebeu uma gentileza inesperada? Não é especial? E nem sempre estamos merecendo, mal-humorados por conta do revés em questão.
Ou quando ajudamos alguém e recebemos aquele olhar espantado e feliz?
Ontem mesmo, eu estava numa fila comum de banco. Um senhor bem velhinho estava atrás de mim. Na hora em que fui chamada, pedi que ele fosse primeiro. “Mas por que, minha filha?”. “Pelos seus cabelos brancos”, respondi. Ele, agradecido, me deu uma balinha de hortelã. Tudo muito singelo, muito fácil de fazer, mas o sentimento foi boooom.


5) Quase sempre, é fácil de fazer.
Uma vez eu fiquei envolvida por uma semana com uma mãe e um bebê que vieram para São Paulo para uma cirurgia e não tinha ninguém para esperar no aeroporto. Levei para um hotel barato, acompanhei por uma semana e tive medo de estar sendo usada, reforçada pelo ceticismo de muitas pessoas ao meu redor. No final, deu tudo certo e a história era verdadeira.
Mas na maioria dos casos, não é preciso tanto risco ou tanto tempo. Uma informação; um abaixar para pegar algo que caiu; uma dica sobre um produto no supermercado. Dar o braço para um cego (nunca pegue a mão dele, deixe que ele pegue o seu braço, aprendi com meu experiente marido). Facílimo, diria o Léo. E vamos combinar, fácil é tudo que precisamos quando o dia está difícil, certo?

6) Amor, meu grande amor
Finalmente, ajudar estranhos evoca o nosso melhor eu. É comum termos sentimentos de inadequação, baixa auto-estima e insatisfação conosco quando estamos sob tempo nublado. E ajudar o outro nos lembra que somos bons e capazes. Ajudar um estranho demonstra desapego, generosidade, empatia pelo próximo. E saber que somos tudo isto quando o coração está cinza... É para olhar com orgulho no espelho, não?

Portanto, se hoje não é o seu dia... Faça o dia de alguém. E se é um dia glorioso... Vai ficar melhor!

Fonte:http://www.vivermaissimples.com/2011/03/vida-dificil-ajude-um-estranho.html

Karoline Toledo Pinto

Karoline Toledo Pinto
Karoline Agente Penitenciária a quase 10 anos , bacharelada no curso de Psicologia em uma das melhores Instituição de Ensino Superior do País , publica um importante ARTIGO SOBRE AS DOENÇAS QUE OS AGENTES PENITENCIÁRIOS DESENVOLVEM NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES . Aguardem em breve aqui será publicado .APESAR DAS PERSEGUIÇÕES INFUNDADAS DAS AMEAÇAS ELA VENCEU PARABÉNS KAROL SE LIBERTOU DO NOSSO MAIOR MEDO A IGNORÂNCIA CONTE COMIGO.. OBRIGADO CLAUDIO VITORINO

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