Um míssil de grande alcance disparado de terra derrubou um grande avião de passageiros, um Boeing 777, que sobrevoava a região dominada por separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.
Um satélite militar americano registrou a trajetória final do míssil e o impacto com o avião da Malaysia Airlines.
Não há nenhuma dúvida de que foi mesmo um míssil que derrubou o jato, causando a morte das 298 pessoas a bordo. Mas o satélite não detectou de onde o míssil foi lançado.
Analistas dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estão usando fórmulas matemáticas e supercomputadores para calcular o início da trajetória do míssil e descobrir qual foi a origem do ataque.
Há duas hipóteses: ou a área do leste da Ucrânia é controlada pelos separatistas russos, ou o território é da própria Rússia, a poucos quilômetros de onde caíram os destroços.
Nas duas hipóteses, o governo do presidente Vladimir Putin seria, em última análise, o responsável. Se esse cenário de confirmar, as consequências políticas e militares serão extremamente graves.

COMO FOI
Desde os primeiros momentos, baseada em interceptação de telefonemas, o governo da Ucrânia não teve dúvidas em atribuir o disparo do míssil a separatistas supervisionados por oficiais russos.
Pedaços grandes do avião se espalharam por um campo de trigo.
O Boeing 777 caiu na Vila de Grabovo, no leste da Ucrânia, perto da fronteira com a Rússia. A região está sob controle de separatistas pró-Rússia, que há meses estão em confronto com as forças do governo ucraniano.
Nos últimos dias, os rebeldes derrubaram dois aviões militares ucranianos, segundo o governo.
O avião da Malaysia Airlines é o terceiro. O voo MH17 saiu do aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, um dos mais movimentados da Europa, às 12h15. Deveria chegar a Kuala Lumpur, na Malásia, na manhã de sexta-feira (18).
Mas, quando estava em voo de cruzeiro, a 10 mil metros de altitude, ele sumiu dos radares.
Segundo um assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, ele foi abatido por um míssil terra-ar de fabricação russa. O sistema chamado Buk é capaz de atingir alvos a 22 mil metros de altitude.

O QUE DIZ A UCRÂNIA
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, disse que a queda do avião da Malaysia não foi um acidente ou um desastre, mas um ato de terrorismo.
O auto-proclamado primeiro-ministro de Donetsk, a região separatista onde caiu o avião, rebateu as acusações e disse que o Boeing foi abatido pelas forças ucranianas.
A versão dele contradiz com gravações do serviço de segurança ucraniano, que interceptou conversas entre os separatistas pró-Rússia em que admitem ter derrubado um avião civil.
Na noite de quinta-feira (17), um líder separatista anunciou um cessar-fogo de alguns dias no confronto com o governo ucraniano para facilitar as investigações.
Por causa do conflito no leste do país, o governo da Ucrânia havia fechado o espaço aéreo na região até 9.700 metros de altitude. O avião da Malaysia Airlines voava a 10 mil metros de altitude. Ou seja, 300 metros acima do limite proibido. Depois do incidente, todo o espaço aéreo da região foi fechado.
Em Amsterdã, os guichês da Malaysia Airlines ficaram vazios, depois de mais um desastre em apenas quatro meses.
Em meio à tragédia, um casal comemorava. Como não conseguiram assentos juntos, resolveram, de última hora, cancelar a viagem no voo MH17. Eles escaparam por pouco.

MALAYSIA AIRLINES
A Malaysia Airlines é a mesma companhia aérea do avião que sumiu em março deste ano.
Várias empresas na Ásia e na Austrália estão dizendo que mudaram a rota dos aviões quando começaram os conflitos na Ucrânia. Por que a Malaysia não fez o mesmo?
A Malaysia Airlines publicou no site da empresa a informação de aquela região era considerada segura, sem restrições ao voo tanto pela Organização Internacional de Aviação Civil quanto pela associação que reúne as companhias aéreas.
As maiores companhias aéreas da Coreia do Sul e a maior da Austrália, por exemplo, disseram que não estavam sobrevoando a Ucrânia desde março e por motivos de segurança.
A Malaysia Airlines também divulgou uma lista com as nacionalidades a bordo do voo MH17. A grande maioria era da Holanda, com 154 pessoas, depois 43 malaios (incluindo a tripulação de 15 pessoas e dois bebês). 41 pessoas ainda não tiveram as suas nacionalidades divulgadas e a companhia aérea não explicou o porquê.
O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, disse estar em choque. Ele já conversou com o presidente americano Barack Obama sobre o caso e disse que espera que os responsáveis pelo ataque sejam identificados e punidos.
É mais um duro golpe para a Malásia e para a Malaysia Airlines, que já recebeu vários prêmios na Ásia por conforto e serviços. Mas, desde o desaparecimento do voo 370, em março, atravessa graves dificuldades financeiras.

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
Todos os indícios até agora apontam para responsabilidade direta dos separatistas, com provável assistência técnica de oficiais russos.
- O sistema técnico que derrubou o avião depende, sobretudo, de um radar para dirigir o míssil até o alvo. Mas havia um indício importante: um tweet traduzido do russo para o inglês do chefe dos milicianos, dos separatistas na área, dizendo: "Acabamos de derrubar um An-26 (avião de transporte militar ucraniano)".
- Por que ele achou que tinha derrubado um avião militar? Eles estão sobrevoando uma área que é uma zona de guerra. Em toda a área de Donetsk, a maioria é russa, fala russo e é ali que estão concentrados os milicianos e separatistas sustentados por Vladimir Putin, o presidente da Rússia. Ele conseguiu evitar sanções mais fortes e, diante do que está acontecendo, está mais complicado.
- Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia, tem agora todas as chances de internacionalizar o conflito e pedir a ajuda da Otan.
- O míssil partiu de dentro da Ucrânia ou próximo da Rússia? O que parece um pequeno detalhe da geografia tem enorme complicação na política.
Fonte:http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2014/07/aviao-da-malaysia-airlines-e-atingido-por-missil-e-cai-no-leste-da-ucrania.html
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