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terça-feira, 19 de novembro de 2013
Por que prender Zé Dirceu não vai mudar o Brasil
Por que prender Zé Dirceu não vai mudar o Brasil
Ou: é o financiamento público de campanha, estúpido!
O financiamento público de campanha é bombardeado pela mídia conservadora
Não vejo como algo “normal” que o PT tenha feito caixa 2 para eleger Lula em 2002. Não acho “normal” que o PT, partido que cresceu prometendo ser diferente dos demais, tenha agido igualzinho aos outros. Sim, acho justo que políticos comecem a pagar por estes erros. Mas não, não acho que a prisão de José Dirceu é, como pinta a grande imprensa, um acontecimento capaz de mudar toda a maneira como se faz política no Brasil. Como se a prisão de uma só pessoa fosse uma espécie de derrubada das torres gêmeas da corrupção. Isso é mentira, um artifício para manipular o eleitor contra o PT e encobrir algo muito maior que Dirceu.
Escrevo para você, vítima do mau jornalismo de veículos que colocam o ex-ministro da Casa Civil de Lula na capa, com ares de demônio, e promovem biografias mal-escritas onde Zé Dirceu é pintado como “o maior vilão do Brasil”. Você, que se empolga com as manifestações quando elas ganham espaço na mídia, mas não vai a fundo nas questões quando passa a modinha. Você, que repete chavões ouvidos no rádio e na televisão contra a corrupção, embora ache política um assunto chato e fuja de leituras mais aprofundadas sobre as razões pelas quais a tal roubalheira existe. Eu vou tentar te explicar.
Zé Dirceu e os “mensaleiros”, ao contrário do que estes orgãos de desinformação tentam lhe convencer, não são a causa da corrupção na política, mas a consequência dela. Infelizmente, no Brasil, para eleger um político é preciso ter dinheiro, muito dinheiro. E é preciso fazer alianças com Deus e o diabo. Não foi Zé Dirceu que inventou isso, é a forma como a política é feita no país que leva a essa situação. As campanhas são financiadas com dinheiro de empresas, bancos, construtoras. Você daria milhões a um político? E se desse, não ia querer nada em troca? Para você ter uma ideia de como são as coisas, o verdadeiro erro do PT neste episódio foi não declarar, nas prestações de contas eleitorais, que estava dando dinheiro para outro partido. Declarando, dar dinheiro a outro partido é perfeitamente legal, imagine!
Nenhum destes órgãos de imprensa que crucificam Dirceu foi capaz de explicar para seus leitores que só o financiamento público de campanha poderia interromper este círculo vicioso em que entrou a política nacional desde a volta da democracia: rios de dinheiro saem de instituições privadas para todos os candidatos durante as eleições. Em 2010, a candidata vencedora Dilma Rousseff, do PT, arrecadou 148,8 milhões de reais de construtoras, bancos, frigoríficos, empresas de cimento, siderurgia. O candidato derrotado José Serra, do PSDB, arrecadou 120 milhões de reais também de bancos, fabricantes de bebidas, concessionárias de energia elétrica.
Quem, em sã consciência, acredita que um político possa governar de maneira independente se está financeiramente atrelado aos maiores grupos econômicos do país, em todos os setores? Muitos especialistas defendem que esteja nessa promiscuidade da política com o capital privado a origem da corrupção. Eu concordo. Não existe almoço grátis. Só um ingênuo poderia achar que estas empresas, ao doarem milhões a um candidato, não intencionam se beneficiar de alguma forma dos governos que ajudam a eleger. Prender José Dirceu não vai mudar esta realidade.
Se, na próxima semana, o ministro Joaquim Barbosa decretar a prisão imediata dos “mensaleiros” e isto fizer você pular de alegria, lembre-se do velho ditado: “alegria de pobre dura pouco”. Enquanto José Dirceu estiver na cadeia, pagando, justa ou injustamente, pelos erros da política nacional, as mesmas coisas pelas quais ele foi condenado estarão acontecendo aqui fora. A prática nefasta do caixa 2, por exemplo, não vai presa junto com Dirceu. As negociatas no Congresso não vão para detrás das grades. As alianças com o conservadorismo, com o agronegócio, com as empreiteiras, continuarão livres, leves e soltas.
Sem uma reforma profunda, todos os males da política continuarão a existir no Brasil a despeito da prisão de Dirceu ou de quem quer que seja. Leia o noticiário, veja se a reforma, a despeito das promessas após as manifestações de junho, está bem encaminhada. Que nada! Ao contrário: o financiamento público de campanha foi o primeiro item da reforma política a ser escamoteado pelos congressistas. Não interessa aos políticos que o financiamento privado acabe –e, não sei exatamente por que, tampouco interessa à grande imprensa. Nem um só jornal defende outra forma de financiar a política a não ser a que existe hoje, bancada pelo dinheiro das mesmas empresas que irão lucrar com os governos. Uma corrupção em si mesma.
O financiamento público de campanha poderia reduzir, por exemplo, os gastos milionários dos candidatos em superproduções para aparecerem atraentes ao público no horário gratuito de televisão, como se fizessem parte da programação habitual do canal. Político não é astro de TV. O correto seria que eles aparecessem tal como são, sem maquiagem. Sem tanto dinheiro rolando, também acabaria um hábito nefasto que até o PT incorporou nas últimas campanhas: pagar cabos eleitorais para agitarem bandeiras nos semáforos. Triste da política e dos políticos quando precisam trocar o afeto de uma militância genuína por desempregados em busca de um trocado.
Sinto dizer a você, mas a única diferença que haverá para a política nacional quando José Dirceu for preso é que ele estará preso. Nada mais. E sinto muito destruir outra ilusão sua, mas tampouco mudará a política brasileira a morte de José Sarney, que vejo muita gente por aí comemorando por antecipação. O buraco é mais embaixo e muito mais profundo. Eu pessoalmente trocaria a morte de Sarney e a prisão de Dirceu por um Brasil que soubesse escolher melhor seus representantes. E fosse capaz, neste momento, de lutar pelo que de fato pode revolucionar a política: o financiamento público de campanha. Alguém está disposto ou a prisão de Zé Dirceu basta?
Cynara Menezes é jornalista e editora do blog Socialista Morena.
Fonte:http://correiodobrasil.com.br/noticias/opiniao/por-que-prender-ze-dirceu-nao-vai-mudar-o-brasil/662459/
domingo, 17 de novembro de 2013
Jesse Jackson: desigualdade racial ainda está muito presente nos EUA
O reverendo, que militou ao lado de Martin Luther King na luta pelos direitos civis, participa de debate no Rio com Gilberto Gil
Por Leonardo Cazes
Cinquenta anos após o histórico discurso “Um sonho”, de Martin Luther King, nos degraus do Lincoln Memorial, em Washington, a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos continua no velho e em novos fronts: combate à pobreza, defesa do casamento gay e o fim do envolvimento americano em guerras pelo mundo estão na pauta do reverendo Jesse Jackson. Aos 72 anos, ele mantém o mesmo entusiasmo de quando abandonou o Seminário Teológico de Chicago para se juntar a King no Movimento pelos Direitos Civis e afirma, em entrevista ao GLOBO, que, apesar dos avanços, a desigualdade entre negros e brancos permanece forte no país. Jackson vai participar, hoje, às 18h, da conferência “A democratização e o desenvolvimento da África”, junto com Gilberto Gil, no festival Back2Black, na Cidade das Artes.
— Quando Martin Luther King fez o seu discurso, em 1953, o sonho de que falava era que a promessa, não cumprida até então, fosse honrada. Naquela época, a maioria dos afroamericanos não podiam votar nem utilizar serviços públicos. Nós tínhamos liberdade, mas não tínhamos igualdade de direitos. Éramos livres para sermos humilhados — diz Jackson. — A desigualdade no acesso ao emprego, ao dinheiro, ao sistema de saúde, à justiça e à moradia continua muito presente. Somos a maioria nas prisões, mas não nas nossas universidades.
A principal atividade, hoje, do reverendo é o comando da Rainbow PUSH Coalition, uma organização que mantém viva a luta pelos direitos civis. Recentemente, o grupo trabalhou fortemente pela reversão do resultado do julgamento do assassino de Trayvon Martin. Martin, um adolescente negro, foi morto pelo segurança George Zimmerman em um condomínio na Flórida, em fevereiro do ano passado. Em julho deste ano, Zimmerman foi inocentado das duas acusações de homicídio, com a justificativa de ter agido em legítima defesa, gerando grande comoção na comunidade negra.
Elogio a Obama
Jackson, que chegou a disputar, sem sucesso, as primárias do Partido Democrata em 1984 e 1988 para ter o direito de concorrer à presidência, é apoiador de primeira hora do presidente Barack Obama. Ferrenho defensor do Obamacare, a reforma da saúde feita pelo presidente que amplia cobertura para os mais pobres, ele critica duramente os republicanos, que paralisaram o país durante três semanas numa luta pela sua revogação, e faz uma avaliação positiva do mandato.
— Nos cinco anos em que ele está na Casa Branca, Obama enfrentou muitas resistências por parte dos republicanos. Então, ele está fazendo um bom trabalho frente a tamanha resistência.
O reverendo afirmou estar muito honrado de vir ao Brasil, “o país mais africano fora da África”. Sobre o debate com Gilberto Gil, ele disse que os Estados Unidos deveriam elaborar uma espécie de Plano Marshall para o continente africano. Jackson, entretanto, condenou práticas culturais tradicionais em alguns países que envolvem violências contra mulheres e crianças.
— É preciso respeitar as mulheres e as crianças. Não podemos discriminar nenhum ser humano em nome da religião.
Fonte:http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2013/11/16/jesse-jackson-desigualdade-racial-ainda-esta-muito-presente-nos-eua-515277.asp
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Defensor da "supremacia branca" descobre que tem DNA africano ao vivo na TV
Neonazista fica com cara de tacho ao descobrir que apenas parte de seus genes são europeus..
O vídeo que você está prestes a assistir mostra a impagável reação de Craig Cobb, um fervoroso defensor da supremacia branca que decidiu se submeter a um exame de DNA para provar que era 100% branco. O resultado do teste foi apresentado ao vivo durante um programa de TV, e o que ele revelou certamente não agradou nadinha ao convidado. Confira:
O clipe está em inglês, mas não se preocupe, pois o conteúdo será explicado a seguir.
Para a surpresa de Cobb, o teste revelou que 86% dos genes do branquelo são europeus, e que os restantes 14% são africanos subsaarianos! Melhor ainda do que a cara de tacho do racista foram as gargalhadas da outra convidada, que é negra. Aliás, é tão absurdo que a ideia de supremacia étnica ainda exista em um mundo tão miscigenado como o nosso, que só podemos fazer coro às risadas descontroladas da outra participante do programa.
Visivelmente chocado, Craig ainda tenta argumentar sobre o resultado do exame, mas é prontamente cortado pela apresentadora Trisha Goddard, que diz a Cobb que ele tem um pouco de negro dentro dele, e até o chama de “Bro”. De acordo com o The Huffington Post, Cobb, de 62 anos de idade, é o idealizador de uma iniciativa que pretende transformar uma cidade da Dakota do Norte, nos EUA, em um reduto para neonazistas e supremacistas brancos.
Entretanto, Craig possivelmente será banido de seu próprio grupinho, além de ter se tornado motivo de piada no mundo inteiro. E muito bem-feito, você não acha, leitor?
Assistam o VÍDEO NO LINK na fonte da matéria
Fonte:http://www.megacurioso.com.br/comportamento/39952-defensor-da-supremacia-branca-descobre-que-tem-dna-africano-ao-vivo-na-tv.htm
Ser negro no Brasil hoje
Ser negro no Brasil hoje
Ética enviesada da sociedade branca desvia enfrentamento do problema negro
Milton Santos
http://www.ige.unicamp.br/~lmelgaco/santos.htm
Há uma frequente indagação sobre como é ser negro em outros lugares, forma de perguntar, também, se isso é diferente de ser negro no Brasil. As peripécias da vida levaram-nos a viver em quatro continentes, Europa, Américas, África e Ásia, seja como quase transeunte, isto é, conferencista, seja como orador, na qualidade de professor e pesquisador. Desse modo, tivemos a experiência de ser negro em diversos países e de constatar algumas das manifestações dos choques culturais correspondentes. Cada uma dessas vivências foi diferente de qualquer outra, e todas elas diversas da própria experiência brasileira. As realidades não são as mesmas. Aqui, o fato de que o trabalho do negro tenha sido, desde os inícios da história econômica, essencial à manutenção do bem-estar das classes dominantes deu-lhe um papel central na gestação e perpetuação de uma ética conservadora e desigualitária. Os interesses cristalizados produziram convicções escravocratas arraigadas e mantêm estereótipos que ultrapassam os limites do simbólico e têm incidência sobre os demais aspectos das relações sociais. Por isso, talvez ironicamente, a ascensão, por menor que seja, dos negros na escala social sempre deu lugar a expressões veladas ou ostensivas de ressentimentos (paradoxalmente contra as vítimas). Ao mesmo tempo, a opinião pública foi, por cinco séculos, treinada para desdenhar e, mesmo, não tolerar manifestações de inconformidade, vistas como um injustificável complexo de inferioridade, já que o Brasil, segundo a doutrina oficial, jamais acolhera nenhuma forma de discriminação ou preconceito.
500 anos de culpa
Agora, chega o ano 2000 e a necessidade de celebrar conjuntamente a construção unitária da nação. Então é ao menos preciso renovar o discurso nacional racialista. Moral da história: 500 anos de culpa, 1 ano de desculpa. Mas as desculpas vêm apenas de um ator histórico do jogo do poder, a Igreja Católica! O próprio presidente da República considera-se quitado porque nomeou um bravo general negro para a sua Casa Militar e uma notável mulher negra para a sua Casa Cultural. Ele se esqueceu de que falta nomear todos os negros para a grande Casa Brasileira. Por enquanto, para o ministro da Educação, basta que continuem a frequentar as piores escolas e, para o ministro da Justiça, é suficiente manter reservas negras como se criam reservas indígenas. A questão não é tratada eticamente. Faltam muitas coisas para ultrapassar o palavrório retórico e os gestos cerimoniais e alcançar uma ação política consequente. Ou os negros deverão esperar mais outro século para obter o direito a uma participação plena na vida nacional? Que outras reflexões podem ser feitas, quando se aproxima o aniversário da Abolição da Escravatura, uma dessas datas nas quais os negros brasileiros são autorizados a fazer, de forma pública, mas quase solitária, sua catarse anual?
Hipocrisia permanente
No caso do Brasil, a marca predominante é a ambivalência com que a sociedade branca dominante reage, quando o tema é a existência, no país, de um problema negro. Essa equivocação é, também, duplicidade e pode ser resumida no pensamento de autores como Florestan Fernandes e Octavio Ianni, para quem, entre nós, feio não é ter preconceito de cor, mas manifestá-lo. Desse modo, toda discussão ou enfrentamento do problema torna-se uma situação escorregadia, sobretudo quando o problema social e moral é substituído por referências ao dicionário. Veja-se o tempo politicamente jogado fora nas discussões semânticas sobre o que é preconceito, discriminação, racismo e quejandos, com os inevitáveis apelos à comparação com os norte-americanos e europeus. Às vezes, até parece que o essencial é fugir à questão verdadeira: ser negro no Brasil o que é? Talvez seja esse um dos traços marcantes dessa problemática: a hipocrisia permanente, resultado de uma ordem racial cuja definição é, desde a base, viciada. Ser negro no Brasil é frequentemente ser objeto de um olhar vesgo e ambíguo. Essa ambiguidade marca a convivência cotidiana, influi sobre o debate acadêmico e o discurso individualmente repetido é, também, utilizado por governos, partidos e instituições. Tais refrões cansativos tornam-se irritantes, sobretudo para os que nele se encontram como parte ativa, não apenas como testemunha. Há, sempre, o risco de cair na armadilha da emoção desbragada e não tratar do assunto de maneira adequada e sistêmica.
Marcas visíveis
Que fazer? Cremos que a discussão desse problema poderia partir de três dados de base: a corporeidade, a individualidade e a cidadania. A corporeidade implica dados objetivos, ainda que sua interpretação possa ser subjetiva; a individualidade inclui dados subjetivos, ainda que possa ser discutida objetivamente. Com a verdadeira cidadania, cada qual é o igual de todos os outros e a força do indivíduo, seja ele quem for, iguala-se à força do Estado ou de outra qualquer forma de poder: a cidadania define-se teoricamente por franquias políticas, de que se pode efetivamente dispor, acima e além da corporeidade e da individualidade, mas, na prática brasileira, ela se exerce em função da posição relativa de cada um na esfera social.
Costuma-se dizer que uma diferença entre os Estados Unidos e o Brasil é que lá existe uma linha de cor e aqui não. Em si mesma, essa distinção é pouco mais do que alegórica, pois não podemos aqui inventar essa famosa linha de cor. Mas a verdade é que, no caso brasileiro, o corpo da pessoa também se impõe como uma marca visível e é frequente privilegiar a aparência como condição primeira de objetivação e de julgamento, criando uma linha demarcatória, que identifica e separa, a despeito das pretensões de individualidade e de cidadania do outro. Então, a própria subjetividade e a dos demais esbarram no dado ostensivo da corporeidade cuja avaliação, no entanto, é preconceituosa.
A individualidade é uma conquista demorada e sofrida, formada de heranças e aquisições culturais, de atitudes aprendidas e inventadas e de formas de agir e de reagir, uma construção que, ao mesmo tempo, é social, emocional e intelectual, mas constitui um patrimônio privado, cujo valor intrínseco não muda a avaliação extrínseca, nem a valoração objetiva da pessoa, diante de outro olhar. No Brasil, onde a cidadania é, geralmente, mutilada, o caso dos negros é emblemático. Os interesses cristalizados, que produziram convicções escravocratas arraigadas, mantêm os estereótipos, que não ficam no limite do simbólico, incidindo sobre os demais aspectos das relações sociais. Na esfera pública, o corpo acaba por ter um peso maior do que o espírito na formação da socialidade e da sociabilidade.
Peço desculpas pela deriva autobiográfica. Mas quantas vezes tive, sobretudo neste ano de comemorações, de vigorosamente recusar a participação em atos públicos e programas de mídia ao sentir que o objetivo do produtor de eventos era a utilização do meu corpo como negro -imagem fácil- e não as minhas aquisições intelectuais, após uma vida longa e produtiva. Sem dúvida, o homem é o seu corpo, a sua consciência, a sua socialidade, o que inclui sua cidadania. Mas a conquista, por cada um, da consciência não suprime a realidade social de seu corpo nem lhe amplia a efetividade da cidadania. Talvez seja essa uma das razões pelas quais, no Brasil, o debate sobre os negros é prisioneiro de uma ética enviesada. E esta seria mais uma manifestação da ambiguidade a que já nos referimos, cuja primeira consequência é esvaziar o debate de sua gravidade e de seu conteúdo nacional.
Olhar enviesado
Enfrentar a questão seria, então, em primeiro lugar, criar a possibilidade de reequacioná-la diante da opinião, e aqui entra o papel da escola e, também, certamente, muito mais, o papel frequentemente negativo da mídia, conduzida a tudo transformar em "faits-divers", em lugar de aprofundar as análises. A coisa fica pior com a preferência atual pelos chamados temas de comportamento, o que limita, ainda mais, o enfrentamento do tema no seu âmago. E há, também, a displicência deliberada dos governos e partidos, no geral desinteressados do problema, tratado muito mais em termos eleitorais que propriamente em termos políticos. Desse modo, o assunto é empurrado para um amanhã que nunca chega.
Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros e assim tranquilamente se comporta. Logo, tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver "subido na vida".
Pode-se dizer, como fazem os que se deliciam com jogos de palavras, que aqui não há racismo (à moda sul-africana ou americana) ou preconceito ou discriminação, mas não se pode esconder que há diferenças sociais e econômicas estruturais e seculares, para as quais não se buscam remédios. A naturalidade com que os responsáveis encaram tais situações é indecente, mas raramente é adjetivada dessa maneira. Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil.
Artigo escrito por Milton Santos, geógrafo, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
Fonte: Folha de S.Paulo - Mais - brasil 501 d.c. - 07 de maio de 2000
Fonte:http://antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=527
Pequenas ações transformadoras
Repare à sua volta e perceba que diariamente as pessoas se fecham para o mundo, para os seus semelhantes, isolando-se dentro de suas próprias imperfeições. Você deve estar se perguntando o porquê desta análise, e questionando a validade de tudo isso. Mas se você quer um mundo melhor, uma sociedade melhor e um futuro melhor, a análise é mais do que necessária, é preciso ser posta em prática.
A educação e a atenção com o próximo virou artigo de luxo em nossa sociedade. Os contatos já não existem mais, as pessoas não se olham, não se cumprimentam, sequer aplicam simples ações que deveriam ser hábito de qualquer ser civilizado como um Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite e Obrigado. Apesar da evolução científica e tecnológica, a preocupação com a moral e os bons costumes foi esquecida no meio do caminho.
Pense bem: onde iremos chegar com este comportamento, com este câncer social?
Como temos coragem de querer um mundo melhor e mais justo, se nem temos a capacidade de sermos educados e agirmos adequadamente com o nosso semelhante. Qual é a real medida que aplicamos a nossa vida? Que mundo e que conceitos estamos deixando para as nossas crianças? A qualquer descuido ou tropeço sequer olhamos para o lado, e caso escutemos um “desculpe”, nem fazemos questão de lançar um olhar ou qualquer palavra de gratidão.
É preciso mudar certos conceitos e começar a transformação dentro de nós!
Se você também quer um mundo e uma sociedade melhor, comece por você. Faça um pequeno teste: durante uma semana responda as pessoas com educação, cumprimente, agradeça, seja gentil. Você vai perceber que a cada palavra positiva e educada, você se sentirá melhor. As pessoas, consequentemente, lhe responderão de maneira mais solícita e educada e até seu dia ficará mais Feliz. De um teste, este passará a ser um hábito, suas ações irão inspirar outras pessoas, que serão vistas por outras e assim por diante.
Deixe a corrente do bem transformar a sua vida!!!
Fonte:http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=36970
Reflexões sobre nossas escolhas cotidianas
Se você não gosta de si mesmo, quem gostará?
Se você não se orgulha do que faz, quem se orgulhará?
Se você não tem respeito por suas próprias ações, quem terá?
Se você não sente admiração por seus empreendimentos, quem irá sentir?
Se você não dá crédito às suas próprias decisões, quem irá acreditar nelas?
Se você não se alegra com a vida que tem, quem vai se alegrar com ela?
Se você é capaz de enganar a si mesmo, quem não lhe enganará?
Se você ainda não aprendeu o verbo compreender, como pretende conjugar o verbo amar?
Se você coloca fel nas emoções mais puras, porque se revolta por levar uma vida amarga?
Se você destrói todas as estradas que lhe trazem afeto, porque lamenta a solidão em que vive?
Se você não cuida de seu jardim de simpatias, porque estranha não colher grandes amizades?
Se você teima em plantar mal e tristeza, porque se surpreende quando colhe decepções?
Se você permite que a inveja, o rancor e a maledicência dominem seu coração, porque não sofreria com desconfianças?
Se você permite que sua mente oscile entre o passado e o futuro, como poderá desfrutar devidamente o presente?
Se você não perdoa as falhas alheias, como pode esperar o perdão das suas?
Se você nunca se decide a partir, porque anseia tanto em chegar?
Se você não tem fé, não sonha nem se empolga, porque acusa o mundo de ser árido, frio e sem bondade?
O Universo reflete de volta às nossas vidas aquilo que sentimos, pensamos e fazemos. Pense nisto!
Fonte:http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=36980
Certo ou errado?
Por que será que temos sempre a necessidade de acertar em nossas vidas?
De fazer julgamentos internos do que é certo ou errado?
É como se houvesse uma verdade e um acerto para todas as escolhas que iremos realizar .
Ficamos com medo de errar e por isso muitas vezes deixamos de agir.
Às vezes observamos outras pessoas tomarem suas decisões e nós também julgamos estarem certas ou erradas…
O tempo todo ficamos com a ideia de certo e errado, bom e mal…
Gritamos para nós:
- Eu faço tudo errado!
- Eu não aprendo mesmo!
E para os outros:
- Isso não está certo!
- Eu no lugar dele faria diferente!
- Ele é louco? Como pode fazer isso?
Fazemos esse julgamento o tempo todo, conosco e com os outros, e não nos damos conta que não tem certo e errado. São apenas escolhas.
As escolhas sempre acarretam consequências, que podem ser prazerosas ou não, mas nunca certas ou erradas. O seu passado está repleto de decisões e experiências, e não de erros e culpas. Tudo faz parte de uma longo aprendizado.
Por isso, viva sua vida sem medo de errar, porque a verdade é que não existem erros apenas experiências e acúmulo de sabedoria.
Onde está escrito o que é certo?
Se soubéssemos o que nos espera em cada decisão que tomamos na vida seria muito estranho e sem sentido, por isso temos o livre-arbítrio.
Use seu livre-arbítrio para ser feliz!
Fonte:http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=36984
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Vida difícil? Ajude um estranho .
Pode parecer ilógico -no mínimo pouco prioritário- ajudar um estranho quando as coisas parecem confusas na nossa vida. Mas eu venho aprendendo que este é um poderoso antídoto para os dias em que tudo parece fora do lugar.
Como assim, pergunta o meu leitor mais cético? E eu explico:
Há duas situações clássicas onde podemos auxiliar uma pessoa que não conhecemos. A primeira é através de doações e gestos similares de caridade. Estes atos são maravilhosos e muito recomendáveis, mas não é deles que quero falar hoje. Escolhi o segundo tipo: aquelas situações randômicas onde temos a oportunidade de fazer a diferença para uma pessoa desconhecida numa emergência qualquer. Na maioria das vezes, pessoas com quem esbarramos em locais públicos, envolvidas em situações que podem ir do estar atrapalhado até o precisar de mãos para apagar um incêndio.
Eu vejo pelo menos seis motivos para ajudar um estranho:
1) Divergir o olhar de nossos próprios problemas
Por um momento, por menor que seja, teremos a chance de esquecer nossas preocupações.
Dedicados a resolver o problema do outro (SEMPRE mais fácil do que os nossos), descansamos nossa mente. Ganhamos energia para o próximo round de nossa própria luta.
Esta pausa pode nos dar novo fôlego ou simplesmente ser um descanso momentâneo.
2) Olhar por um outro ângulo
Vez ou outra, teremos a oportunidade de relativizar nossos próprios problemas á luz do que encontramos nestes momento. Afinal, alguns de nossos problemas não são tão grandes assim...
Uma vez ajudei Teresa, a senhora que vende balas na porta da escola de meu filho. A situação dela era impossível de ser resolvida sozinha, pois precisava “estacionar” o carrinho que havia quebrado no meio de uma rua deserta. Jamais esquecerei o olhar desesperado, a preocupação com o patrimônio em risco, com o dia de by Savings Sidekick">trabalho desperdiçado, com as providências inevitáveis e caras. E jamais me esquecerei do olhar úmido e agradecido, apesar de eu jamais ter comprado nada dela. Nem antes nem depois.
Olhei com distanciamento o problema de Teresa. E fiquei grata por não ter que trabalhar na rua, por ter tantos recursos e by Savings Sidekick">oportunidades. E agradeci por estar lá, naquela hora, na rua de pouco movimento, e poder oferecer meus braços para ela.
3) Não há antes, nem depois ...
Na intricada teia de nossos by Savings Sidekick">relacionamentos, dívidas e depósitos se amontoam. Ajudar um conhecido muitas vezes cria vínculos ou situações complexas. Ás vezes, ele espera retribuir. Outras vezes, esperamos retribuição. Se temos ressentimentos com a pessoa, ajudá-la nem sempre deixa um gosto bom na boca. Se ela tem ressentimentos conosco, fica tudo muito ruim também.
Já com estranhos são simples. É ali, naquela hora. Depois acabou. E não há antes. Que alívio!
(mas não vamos deixar de ajudar os conhecidos dentro de nossas possibilidades, hein?)
4) A gratidão pelo inesperado é deliciosa
Quem se lembra de uma vez em que recebeu uma gentileza inesperada? Não é especial? E nem sempre estamos merecendo, mal-humorados por conta do revés em questão.
Ou quando ajudamos alguém e recebemos aquele olhar espantado e feliz?
Ontem mesmo, eu estava numa fila comum de banco. Um senhor bem velhinho estava atrás de mim. Na hora em que fui chamada, pedi que ele fosse primeiro. “Mas por que, minha filha?”. “Pelos seus cabelos brancos”, respondi. Ele, agradecido, me deu uma balinha de hortelã. Tudo muito singelo, muito fácil de fazer, mas o sentimento foi boooom.
5) Quase sempre, é fácil de fazer.
Uma vez eu fiquei envolvida por uma semana com uma mãe e um bebê que vieram para São Paulo para uma cirurgia e não tinha ninguém para esperar no aeroporto. Levei para um hotel barato, acompanhei por uma semana e tive medo de estar sendo usada, reforçada pelo ceticismo de muitas pessoas ao meu redor. No final, deu tudo certo e a história era verdadeira.
Mas na maioria dos casos, não é preciso tanto risco ou tanto tempo. Uma informação; um abaixar para pegar algo que caiu; uma dica sobre um produto no supermercado. Dar o braço para um cego (nunca pegue a mão dele, deixe que ele pegue o seu braço, aprendi com meu experiente marido). Facílimo, diria o Léo. E vamos combinar, fácil é tudo que precisamos quando o dia está difícil, certo?
6) Amor, meu grande amor
Finalmente, ajudar estranhos evoca o nosso melhor eu. É comum termos sentimentos de inadequação, baixa auto-estima e insatisfação conosco quando estamos sob tempo nublado. E ajudar o outro nos lembra que somos bons e capazes. Ajudar um estranho demonstra desapego, generosidade, empatia pelo próximo. E saber que somos tudo isto quando o coração está cinza... É para olhar com orgulho no espelho, não?
Portanto, se hoje não é o seu dia... Faça o dia de alguém. E se é um dia glorioso... Vai ficar melhor!
Fonte:http://www.vivermaissimples.com/2011/03/vida-dificil-ajude-um-estranho.html
Fonte:http://www.vivermaissimples.com/2011/03/vida-dificil-ajude-um-estranho.html
Karoline Toledo Pinto
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A data foi criada em 1988 pelo Ministério da Saúde com o objetivo de conscientizar a população sobre a doença, o tratamento e, principalm...
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Com o título "Uma Jornada para o Inferno", a revista inglesa The Economist diz em reportagem de sua última edição que as prisões n...
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Em sua palestra no Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB), na qual é professor, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), J...
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Ouvi a frase de uma taxista: "Para dizer que o meu filho é bonito, não preciso dizer que o filho do vizinho é feio" . Fiquei bo...
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1.jul.2014 - O professor de História André Luiz Ribeiro, de 27 anos, foi espancado por moradores do bairro Balneário São José, em São Paulo...
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