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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Fifa, sem racismo no Brasil, ok?




A chefe do futebol mundial, a Fifa, mandou avisar/ Que a música-tema da Copa do Mundo no Brasil será interpretada pelo porto-riquenho Ricky Martin. A chefe do futebol mundial, a Fifa, mandou avisar/ Que o casal negro Lázaro Ramos e Camila Pitanga não participará do sorteio de seleções. Ai, ai, ai…Segundo coluna Radar, da revista Veja, a Fifa rejeitou a sugestão da Rede Globo de usar Lázaro e Camila, preferindo o casal branco-loiro Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert. O sorteio das chaves da Copa ocorrerá em 6 de dezembro, na Costa do Sauípe, Bahia, o Estado mais negro do Brasil.

A poderosa organizadora do Mundial demonstra uma leitura muito particular da cultura e da história brasileiras. Ao mesmo tempo, é incapaz de combater o preconceito que reina nos estádios. No domingo (25), o zagueiro brasileiro Paulão, do Bétis, saiu chorando de campo após ser expulso do clássico contra o Sevilla, pelo Campeonato Espanhol. Os torcedores imitavam macacos para o brasileiro.

Por que em vez de combater a discriminação no reino em que manda, a Fifa prefere alimentá-la ou, no mínimo, silenciar sobre ela? De que adianta erguer faixas nos estádios com dizeres como “Fair Play”, “Say No To Racism”, se a prática fora do campo é outra? São questões em aberto. FAROFAFÁ defende a mistureba geral e espera que músicos de todas as cores, estilos e gêneros, estejam representados durante o Mundial da Fifa. Abaixo, uma pequena e singela lista de artistas negros, pra lá de representativos de nossa cultura:


Fonte:http://farofafa.cartacapital.com.br/2013/11/25/fifa-sem-racismo-no-brasil-ok/

sábado, 23 de novembro de 2013

25 curiosidades sobre a escravidão



Dia 13 de maio se comemora a abolição da escravidão no Brasil. O fato ocorreu em 1888, através da assinatura da famosa Lei Áurea, pelas mãos da princesa Isabel. De lá para cá, este fato gera divisões entre aqueles que comemoram a libertação dos escravos e aqueles que acham que a lei áurea não incorporou o negro na sociedade brasileira, mantendo as desigualdades. Sobre este fato, discutiremos em outra postagem. Nesta, vamos apontar 25 curiosidades sobre a escravidão no Brasil.


Atenção: nós compreendemos que o assunto postado abaixo é delicado e suscita os mais diversos sentimentos em diferentes segmentos da população brasileira. O objetivo não é idealizar o assunto ou torná-lo caricato, apenas abordar os fatos. Optamos, também, por utilizar o termo negro ao termo afro-brasileiro, mais utilizado atualmente.

Esta lista foi extraída e adaptada de diferentes fontes, como mania de história e guia dos curiosos.



- Os primeiros navios negreiros foram trazidos pelo português Martim Afonso de Sousa, em 1532. A contabilidade oficial estima que, entre essa data e 1850, algo como 5 milhões de escravos negros entraram no Brasil. Porém, alguns historiadores calculam que pode ter sido o dobro.

- Os navios negreiros que traziam os escravos da África até o Brasil eram chamados de tumbeiros, devido à morte de milhares de africanos durante a travessia. Estas mortes ocorriam devido aos maus-tratos sofridos pelos escravos, pelas más condições de higiene e por doenças causas pela falta de vitaminas, como no caso do escorbuto.

- É possível traçar a origem dos escravos em três grandes grupos: os da região do atual Sudão, em que os iorubás, também chamados nagôs, predominam; os que vieram das tribos do norte da Nigéria, a maioria muçulmanos, chamados de malês ou alufás; e o grupo dos bantos, capturados nas colônias portuguesas de Angola e Moçambique.

- Quando chegava ao Brasil, o africano era chamado de “peça” e vendido em leilões públicos, como uma boa mercadoria: lustravam seus dentes, raspavam os seus cabelos, aplicavam óleos para esconder doenças do corpo e fazer a pele brilhar, assim como eram engordados para garantir um bom preço.

- Um escravo valia mais quando era homem e adulto. Um escravo era considerado adulto quando tinha entre 12 e 30 anos. Eles trabalhavam em média das 6 horas da manhã às 10 da noite, quase sem descanso, e amadureciam muito rápido. Com 35 anos, já tinham cabelos brancos e bocas desdentadas.



- Os cativos recebiam, uma vez por dia, apenas um caldo ralo de feijão. Para enriquecer um pouco a mistura, eles aproveitavam as partes do porco que os senhores desprezavam: língua, rabo, pés e orelhas. Foi assim que, de acordo com a tradição, surgiu a feijoada.

- A Festa de Nossa Senhora do Rosário, a padroeira dos escravos do Brasil colonial, foi realizada pela primeira vez em Olinda (PE), no ano de 1645. A santa já era cultuada na África, levada pelos portugueses como forma de cristianizar os negros. Eles eram batizados quando saíam da África ou quando chegavam ao Brasil.

- Na cidade de Serro (MG), acontece a maior de todas as festas em homenagem a santa, em julho, desde 1720. De acordo com a lenda, um dia Nossa Senhora do Rosário saiu do mar. Ao ser chamada por índios, não se mexeu. O mesmo aconteceu com marinheiros brancos. A santa só atendeu aos escravos, que tocaram bem forte os seus tambores.

- Crianças brancas e negras andavam nuas e brincavam até os 5 ou 6 anos anos de idade. Tinham os mesmosjogos, baseados em personagens fantásticos do folclore africano. Mas aos 7 anos, a criança negra enfrentava sua condição e precisava começar a trabalhar.

- Cada senhor de engenho tinha autorização para importar 120 escravos por ano da África. E havia uma lei que estipulava em 50 o número máximo de chibatadas que um escravo podia levar por dia.



- A cozinha era muito valorizada na casa-grande. Conquistaram o gosto dos europeus e brasileiros os pratos de origem africana, como vatapá e caruru, comuns na mesa patriarcal nordestina. A cozinha ficava num anexo da casa, separada dos cômodos principais por depósitos ou áreas internas.

- Normalmente, divisões internas da senzala separavam homens e mulheres. Mas, algumas vezes, era permitido aos poucos casais aceitos pelo senhor morarem em barracos separados, de pau-a-pique, cobertos com folhas de bananeira.

- Aos domingos, os escravos tinham direito de cultivar mandioca e hortaliças para consumo próprio. Podiam, inclusive, vender o excedente na cidade. A medida combatia a fome do campo, pois a monocultura de exportação não dava espaço a produtos de subsistência.

- Quando a noite caia, o som dos batuques e dos passos de dança dominava a senzala. As festas e outras manifestações culturais eram admitidas, pois a maioria dos senhores acreditava que isso diminuia as chances de revolta.

- Com a expansão das cidades, multiplicam-se escravos urbanos em ofícios especializados, como pedreiros, vendedores de galinhas, barbeiros e rendeiras. Os carregadores zanzam de um lado a outro, levando baús, barris, móveis e, claro, brancos.



- Escravos de Ganho eram escravos que tinha permissão de vender ou prestar serviços na rua. Em troca, ele deveria dar uma porcentagem dos ganhos a seu dono.

- Em algumas regiões, os escravos africanos eram divididos em três categorias: o “boçal”, que recusava falar o português, resistindo à cultura europeia; o “ladino”, que falava o português; e o “crioulo”, o escravo que nascia no Brasil. Geralmente, ladinos e crioulos recebiam melhor tratamento, trabalhos mais brandos e perspectiva de ascenção social.

- Os negros nunca tiveram uma atitude passiva diante da escravidão. Muitos quebravam ferramentas de trabalho e colocavam fogo nas senzalas. Outros cometiam suicídio, muitas vezes comendo terra. Outros, ainda, entregavam-se ao banzo, grande tristeza que podia levar à morte por inanição. A forma comum de rebeldia, no entanto, era a fuga.

- Segundo alguns historiadores, a capoeira nasceu de um ritual angolano chamado n’golo (dança da zebra), uma competição que os rapazes das aldeias faziam para ver quem ficaria com a moça que atingisse a idade para casar. Com o tempo, a prática se transformou em exibição de habilidade e destreza.

- A palavra capoeira não é de origem africana. Ela vem do tupi (kapu’era). Trazida para o Brasil por intermédio dos navios negreiros, a capoeira foi desenvolvida nos quilombos pernambucanos do século XVI. As características de luta e dança adquiridas no país podem classificá-la como uma manifestação cultural genuinamente brasileira.



- O berimbau é um instrumento de percussão trazido da África (mbirimbau). Ele só entrou na história da capoeira no século XX. Antes, o instrumento era usado pelos vendedores ambulantes para atrair os clientes. O arco vem do caule de um arbusto chamado biriba, comum no Nordeste, que é fácil de envergar.

- Até a abolição da escravatura, a lei punia os praticantes de capoeira com penas de até 300 açoites e o calabouço. De 1889 a 1937, a capoeira era crime previsto pelo Código Penal. Uma simples demonstração dava seis meses de cadeia. Em 1937, o presidente Getúlio Vargas foi ver uma exibição, gostou e acabou com a proibição.

- Após a independência de Portugal, em 1822, uma das primeiras medidas do governo foi proibir que alunos negros frequentassem as mesmas escolas que os brancos. Um dos motivos apontados é que temiam eles pudessem transmitir doenças contagiosas.

- O movimento abolicionista tinha mais de 60 anos quando a Lei Áurea foi assinada, em 1888. Mobilizava muitos intelectuais da época, como escritores, políticos, juristas, e também a população de uma forma geral.

- Em 1823, dom Pedro I chegou a redigir um documento defendendo o fim da escravidão no Brasil, mas a libertação só ocorreu 65 anos depois.



Fonte:http://www.geledes.org.br/esquecer-jamais/179-esquecer-jamais/22063-25-curiosidades-sobre-a-escravidao

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O pensamento de Darcy Ribeiro sobre o negro brasileiro





Darcy Ribeiro foi um dos intelectuais que melhor entenderam o negro no Brasil (Arquivo)


Para Darcy Ribeiro, a possibilidade de existência de uma democracia racial está vinculada com a prática de uma democracia social, onde negros e brancos partilhem das mesmas oportunidades sem qualquer forma de desigualdade.


Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, leia abaixo trechos do livro O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro, uma das obras mais relevantes da história do Brasil.

Darcy Ribeiro


CLASSE E RAÇA

A distância social mais espantosa no Brasil é a que separa e opõe os pobres dos ricos. A ela se soma, porém, a discriminação que pesa sobre negros, mulatos e índios, sobretudo os primeiros.

Entretanto, a rebeldia negra é muito menor e menos agressiva do que deveria ser. Não foi assim no passado. As lutas mais longas e cruentas que se travaram no Brasil foram a resistência indígena secular e a luta dos negros contra a escravidão, que duraram os séculos do escravismo. Tendo início quando começou o tráfico, só se encerrou com a abolição.

Sua forma era principalmente a da fuga, para a resistência e para a reconstituição de sua vida em liberdade nas comunidades solidárias dos quilombos, que se multiplicaram aos milhares. Eram formações protobrasileiras, porque o quilombola era um negro já aculturado, sabendo sobreviver na natureza brasileira, e, também, porque lhe seria impossível reconstituir as formas de vida da África. Seu drama era a situação paradoxal de quem pode ganhar mil batalhas sem vencer a guerra, mas não pode perder nenhuma. Isso foi o que sucedeu com todos os quilombos, inclusive com o principal deles, Palmares, que resistiu por mais de um século, mas afinal caiu, arrasado, e teve o seu povo vendido, aos lotes, para o sul e para o Caribe.

Mas a luta mais árdua do negro africano e de seus descendentes brasileiros foi, ainda é, a conquista de um lugar e de um papel de participante legítimo na sociedade nacional. Nela se viu incorporado à força. Ajudou a construí-la e, nesse esforço, se desfez, mas, ao fim, só nela sabia viver, em função de sua total desafricanização. A primeira tarefa do negro brasileiro foi a de aprender a falar o português que ouvia nos berros do capataz. Teve de fazê-lo para poder comunicar-se com seus companheiros de desterro, oriundos de diferentes povos. Fazendo-o, se reumanizou, começando a sair da condição de bem semovente, mero animal ou força energética para o trabalho. Conseguindo miraculosamente dominar a nova língua, não só a refez, emprestando singularidade ao português do Brasil, mas também possibilitou sua difusão por todo o território, uma vez que nas outras áreas se falava principalmente a língua dos índios, o tupi-guarani.


Calculo que o Brasil, no seu fazimento, gastou cerca de 12 milhões de negros, desgastados como a principal força de trabalho de tudo o que se produziu aqui e de tudo que aqui se edificou. Ao fim do período colonial, constituía uma das maiores massas negras do mundo moderno. Sua abolição, a mais tardia da história, foi a causa principal da queda do Império e da proclamação da República. Mas as classes dominantes reestruturaram eficazmente seu sistema de recrutamento da força de trabalho, substituindo a mão de obra escrava por imigrantes importados da Europa, cuja população se tornara excedente e exportável a baixo preço.

O negro, sentindo-se aliviado da brutalidade que o mantinha trabalhando no eito, sob a mais dura repressão –inclusive as punições preventivas, que não castigavam culpas ou preguiças, mas só visavam dissuadir o negro de fugir– só queria a liberdade. Em consequência, os ex-escravos abandonam as fazendas em que labutavam, ganham as estradas à procura de terrenos baldios em que pudessem acampar, para viverem livres como se estivessem nos quilombos, plantando milho e mandioca para comer. Caíram, então, em tal condição de miserabilidade que a população negra reduziu-se substancialmente. Menos pela supressão da importação anual de novas massas de escravos para repor o estoque, porque essas já vinham diminuindo há décadas. muito mais pela terrível miséria a que foram atirados. não podiam estar em lugar algum, porque cada vez que acampavam, os fazendeiros vizinhos se organizavam e convocavam forças policiais para expulsá-los, uma vez que toda a terra estava possuída e, saindo de uma fazenda, se caía fatalmente em outra.

As atuais classes dominantes brasileiras, feitas de filhos e netos de antigos senhores de escravos, guardam, diante do negro, a mesma atitude de desprezo vil. Para seus pais, o negro escravo, o forro, bem como o mulato, eram mera força energética, como um saco de carvão, que desgastado era facilmente substituído por outro que se comprava. Para seus descendentes, o negro livre, o mulato e o branco pobre são também o que há de mais reles, pela preguiça, pela ignorância, pela criminalidade inatas e inelutáveis. Todos eles são tidos consensualmente como culpados de suas próprias desgraças, explicadas como características da raça e não como resultado da escravidão e da opressão. Essa visão deformada é assimilada também pelos mulatos e até pelos negros que conseguem ascender socialmente, os quais se somam ao contingente branco para discriminar o negro-massa.

A nação brasileira, comandada por gente dessa mentalidade, nunca fez nada pela massa negra que a construíra. Negou-lhe a posse de qualquer pedaço de terra para viver e cultivar, de escolas em que pudesse educar seus filhos, de qualquer ordem de assistência. Só lhes deu, sobejamente, discriminação e repressão. Grande parte desses negros dirigiu-se às cidades, onde encontraram, originalmente, os chamados bairros africanos, que deram lugar às favelas. Desde então, elas vêm se multiplicando, como a solução que o pobre encontra para morar e conviver. Sempre debaixo da permanente ameaça de serem erradicados e expulsos.

BRANCOS VERSUS NEGROS

Examinando a carreira do negro no Brasil, se verifica que, introduzido como escravo, ele foi desde o primeiro momento chamado à execução das tarefas mais duras, como mão-de-obra fundamental de todos os setores produtivos. Tratado como besta de carga exaurida no trabalho, na qualidade de mero investimento destinado a produzir o máximo de lucros, enfrentava precaríssimas condições de sobrevivência. Ascendendo à condição de trabalhador livre, antes ou depois da abolição, o negro se via jungido a novas formas de exploração que, embora melhores que a escravidão, só lhe permitiam integrar-se na sociedade e no mundo cultural, que se tornaram seus, na condição de um subproletariado compelido ao exercício de seu antigo papel, que continua sendo principalmente o de animal de serviço.

Enquanto escravo poderia algum proprietário previdente ponderar, talvez, que resultaria mais econômico manter suas “peças” nutridas para tirar delas, a longo termo, maior proveito. Ocorreria, mesmo, que um negro desgastado no eito tivesse oportunidade de envelhecer num canto da propriedade, vivendo do produto de sua própria roça, devotado a tarefas mais leves requeridas pela fazenda. Liberto, porém, já não sendo de ninguém, se encontrava só e hostilizado, contando apenas com sua força de trabalho, num mundo em que a terra e tudo o mais continuava apropriada. Tinha de sujeitar-se, assim, a uma exploração que não era maior que dantes, porque isso seria impraticável, mas era agora absolutamente desinteressada do seu destino. Nessas condições, o negro forro, que alcançara de algum modo certo vigor físico, poderia, só por isso, sendo mais apreciado como trabalhador, fixar-se nalguma fazenda, ali podendo viver e reproduzir. O débil, o enfermo, o precocemente envelhecido no trabalho, era simplesmente enxotado como coisa imprestável.

Depois da primeira lei abolicionista –a Lei do Ventre Livre, que liberta o filho da negra escrava–, nas áreas de maior concentração da escravaria, os fazendeiros mandavam abandonar, nas estradas e nas vilas próximas, as crias de suas negras que, já não sendo coisas suas, não se sentiam mais na obrigação de alimentar. Nos anos seguintes à Lei do Ventre Livre (1871), fundaram-se nas vilas e cidades do Estado de São Paulo dezenas de asilos para acolher essas crianças, atiradas fora pelos fazendeiros. Após a abolição, à saída dos negros de trabalho que não mais queriam servir aos antigos senhores, seguiu-se a expulsão dos negros velhos e enfermos das fazendas. Numerosos grupos de negros concentraram-se, então, à entrada das vilas e cidades, nas condições mais precárias. Para escapar a essa liberdade famélica é que começaram a se deixar aliciar para o trabalho sob as condições ditadas pelo latifúndio.

Com o desenvolvimento posterior da economia agrícola de exportação e a superação consequente da auto-suficiência das fazendas, que passaram a concentrar-se nas lavouras comerciais (sobretudo no cultivo do café, do algodão e, depois, no plantio de pastagens artificiais), outros contingentes de trabalhadores e agregados foram expulsos para engrossar a massa da população residual das vilas. Era agora constituída não apenas de negros, mas também de pardos e brancos pobres, confundidos todos como massa dos trabalhadores “livres” do eito, aliciáveis para as fainas que requeressem mão-de-obra. Essa humanidade detritária predominantemente negra e mulata pode ser vista, ainda hoje, junto aos conglomerados urbanos, em todas as áreas do latifúndio, formada por braceiros estacionais, mendigos, biscateiros, domésticas, cegos, aleijados, enfermos, amontoados em casebres miseráveis. Os mais velhos, já desgastados no trabalho agrícola e na vida azarosa, cuidam das crianças, ainda não amadurecidas para nele engajar-se.

Assim, o alargamento das bases da sociedade, auspiciado pela industrialização, ameaça não romper com a superconcentração da riqueza, do poder e do prestígio monopolizado pelo branco, em virtude da atuação de pautas diferenciadoras só explicadas historicamente, tais como: a emergência recente do negro da condição escrava à de trabalhador livre; uma efetiva condição de inferioridade, produzida pelo tratamento opressivo que o negro suportou por séculos sem nenhuma satisfação compensatória; a manutenção de critérios racialmente discriminatórios que, obstaculizando sua ascensão à simples condição de gente comum, igual a todos os demais, tornou mais difícil para ele obter educação e incorporar-se na força de trabalho dos setores modernizados. As taxas de analfabetismo, de criminalidade e de mortalidade dos negros são, por isso, as mais elevadas, refletindo o fracasso da sociedade brasileira em cumprir, na prática, seu ideal professado de uma democracia racial que integrasse o negro na condição de cidadão indiferenciado dos demais.

Florestan Fernandes assinala que “enquanto não alcançarmos esse objetivo, não teremos uma democracia racial e tampouco uma democracia. Por um paradoxo da história, o negro converteu-se, em nossa era, na pedra de toque da nossa capacidade de forjar nos trópicos esse suporte da civilização moderna”.



Fonte:http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/11/o-pensamento-de-darcy-ribeiro-sobre-o-negro-brasileiro.html

Racismo: Como é ser 1 em cada 10



A exceção, da exceção... da exceção. Quando a cor da pele ainda faz com que o buraco seja sempre mais embaixo (...)




Em 2010, tive a oportunidade de conhecer Paris. Numa tarde durante a minha primeira semana lá, estava esperando o ônibus no ponto de um bairro nobre da cidade. Um homem se aproximou de mim e começou a puxar assunto. Ele perguntou de qual país eu era, o que fazia em Paris, e como eu havia aprendido francês. Meio seca, disse que estudei o idioma durante alguns anos no Brasil, e que estava em Paris para um intercambio acadêmico na Sciences Po. Ele respondeu: então você não sabe sambar?

Fiquei sem reação. Milhares de respostas passaram pela minha cabeça, milhares MESMO. Porém, optei pelo silêncio acompanhado da cara feia de reprovação. Felizmente, o ônibus chegou e foi o cenário de uma das reflexões mais importantes que tive na vida. Durante os minutos daquela viagem, refleti sobre quem eu era, o que eu significava e o que eu representava, preparando-me para quantas vezes mais teria que ouvir aquela pergunta durante o intercâmbio. Quantas mulheres do mesmo porte físico que eu estavam vivendo em situações completamente opostas – e não por serem brasileiras, mas por serem negras?


Sim, eu sei sambar, assim como sei ler, escrever e pensar. Igualmente sei da responsabilidade que, ainda inconsciente, carrego: a responsabilidade de ser uma exceção. Sou aquele “01 a cada 10″ das melhores escolas, das melhores universidades, dos cursos de idiomas. Sou o “01 em cada 10″ dos hospitais particulares. Sou o “01 em cada 10″ do público consumidor de acima de 3 salários mínimos. Sou o “01 em cada 10″ que nunca foi abordado pela polícia.

Do berçário até o fim da faculdade, eu era uma das poucas – ou se não a única- negra da sala de aula. Os meus amigos, em sua grande maioria, são brancos, afinal, compartilhamos da mesma realidade socioeconômica, frequentamos os mesmos lugares e temos os mesmos acessos ao lazer e a cultura. A minha realidade é uma exceção porque a cor da minha pele nunca me impediu de nada, assim como tenho nenhuma recordação de ter sofrido racismo. Simplesmente porque o dinheiro nos torna transparentes.

A diferença era mais berrante quando eu era criança. Cheguei a pensar diversas vezes que as minhas amigas eram mais bonitas do que eu, e que, consequentemente, atraiam mais a atenção dos garotos que eu gostava. Ué, não era a Barbie quem conquistava o Ken?! Eram as protagonistas brancas das novelas que tinham o seu final feliz com o mocinho. Ou seja, eu queria o cabelo das minhas bonecas, e sonhava com um Ken pra chamar de meu no final feliz da minha própria história. Mas a moça negra dos filmes e das novelas era das duas, uma: ou a empregada, ou a pobre.

Conforme fui crescendo, deixei tudo isso pra lá e percebi que a beleza se dá de inúmeras formas. O que passou a incomodar mesmo eram outras coisas como, por exemplo, a pejoratividade implícita no termo “neguinha”- ao contrário de “branquinha”, que não tem uma conotação negativa. Da mesma forma , os homens que me “””””””””elogiam””””””””” ” na rua se referem a mim como morena, demonstrando o eufemismo existente nas palavras morena/moreninha/morena de pele, numa tentativa de não “ofender” o afrodescendente.

Não, não ofende. O que ofende é uma sociedade que insiste em ignorar a herança histórica do Brasil escravocrata. O que ofende mesmo é esquecer que a Lei Áurea não trouxe a liberdade em seu sentido pleno, pois os ancestrais de grande parcela da população negra continuaram sem receber nada pela sua força de trabalho, restando-lhes as beiradas da sociedade como moradia. Seus filhos, seus netos, seus bisnetos e seus tataranetos continuam ali, às margens: nas periferias, nos subempregos, nas favelas, nos orfanatos, nas prisões.

Gostaria de deixar claro que estou me referindo a uma maioria comprovada por estatísticas e por análises a olho nu, e não generalizando a imagem que todo negro é pobre e de que todo pobre é bandido. Mas sim, reafirmando que a cor da pele ainda faz com que o buraco seja sempre mais embaixo.

Se, hoje, eu me considero uma exceção, é porque meus pais foram uma exceção, porque meus avós foram uma exceção, porque meus bisavós foram uma exceção. Minha família se construiu no “01 a cada 10″. Mas meus tataravós não. Eles foram reféns de sua própria condição de existência, tiveram sua cidadania, cultura e religião reduzidas. Em 1800 e pouco, não havia a opção de traçar o próprio caminho, não existia auxilio do governo, não existia cotas.

Quanto a mim, continuarei sendo uma exceção até as minhas próximas gerações não o serem; até a maior parte da população carcerária não ter o mesmo tom de pele que o meu; até os hospitais, escolas particulares, universidades, shoppings Iguatemis, e tantos outros espaços privados da elite brasileira estiverem tão definidos por um só tom. E se eu e a minha família somos exceções, é porque a regra existe. E a regra está muito clara na nossa sociedade, basta perguntar para a família dos milhares de Amarildos.


Maíra Souza é graduada em Relações Internacionais pela PUC-SP, Analista de Energias Renováveis e colunista do blog Esparrela. Colaborou para Pragmatismo Politico.


Fonte:http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/11/racismo-como-e-ser-1-em-cada-10.html

Frei Betto: é preciso acabar com a “inconsciência branca”


No Brasil, o preconceito à negritude deita raízes na mais longa história de escravidão das três Américas: 350 anos! Ainda que, hoje, nossas leis condenem a discriminação, sabem os negros que, aqui, eles são duplamente discriminados: por serem negros e pobres

Frei Betto

Por ser data de comemoração de Zumbi dos Palmares (1655-1695), último líder heróico do mais importante quilombo brasileiro, 20 de novembro é dedicada à Consciência Negra. É também Dia da Inconsciência Branca. Foram as armas que deram aos colonizadores europeus o poder opressor sobre as nações da África negra. Em nome de Deus e de um projeto civilizatório, invadiram o continente africano e submeteram o seu povo ao jugo da escravidão.

Obrigado a aceitar o batismo cristão, a marca do sacramento era gravada nas peles negras a ferro e fogo. O propósito, livrá-los, após esta vida, das chamas eternas do Inferno, por culpa de suas crenças animistas e rituais eróticos. Destinava-os, porém, nesta Terra, ao suplício do trabalho árduo, das sevícias, das chibatas, das torturas e da morte atroz.


De tal arrogância se nutria a inconsciência branca que, ao qualificar de raça a mera diferença de coloração epidérmica, elevou-a à categoria de pretensa ciência. Buscou-se na Bíblia a caricatura de um deus maldito que, após o Dilúvio Universal, teria criado a descendência negra da Cam (Cão), um dos filhos de Noé.

No Brasil, o preconceito à negritude deita raízes na mais longa história de escravidão das três Américas: 350 anos! Ainda que, hoje, nossas leis condenem a discriminação, sabem os negros que, aqui, eles são duplamente discriminados: por serem negros e pobres. Ao escravo liberto se negou o acesso à terra, que ele tão bem sabia cultivar. Impediu-se ainda o acesso à carreira eclesiástica, aos quartéis (exceto como soldado e bucha de canhão na guerra do Brasil contra o Paraguai), às escolas particulares.

Na década de 1950, no Colégio Dom Silvério, em Belo Horizonte, ouvi irmão Caetano Maria, procedente de Angola, apregoar na sala de aula que negros eram inaptos à matemática e às ciências abstratas, vocacionados à música e aos trabalhos manuais…

A inconsciência branca viceja, ainda hoje, na promoção turística da mulata carnavalesca, ela sim liberada, por leis e censores, a exibir em público seu corpo nu.

É a inconsciência branca que protesta contra o direito de cotas para negros nas universidades; encara com suspeita o negro encontrado em espaços predominantemente ocupados por brancos; induz a polícia a expor garras ferozes ao revistar jovens negros.

O profetismo heróico de Zumbi, Mandela, Luther King e tantos outros, ainda não logrou descontaminar nossa cultura do ranço do preconceito e da discriminação. Quantos executivos negros ocupam cargos de direção em nossas empresas? Apenas 5,3%. Quantos garçons e chefs de cozinha? Quantos apresentadores de TV e animadores de auditório?

A violência com que médicos brasileiros, todos brancos, submeteram, em Fortaleza, “ao corredor polonês da xenofobia” – na expressão do ministro Padilha, da Saúde – o médico cubano Juan Delgado, um negro, a quem a presidente Dilma pediu desculpas em nome do povo brasileiro, bem comprova a inconsciência branca.

Esta inconsciência também adota o preconceito às avessas. Festejou-se a eleição de Obama, o primeiro negro na Casa Branca, como uma pá de piche (cal é branco…) na política terrorista do presidente Bush. Esqueceu-se que Obama, antes de ser negro, é estadunidense, convencido do direito (divino?) de supremacia dos EUA sobre as demais nações do mundo.

Por que haveria ele de pedir desculpas por espionar a presidente Dilma se não está disposto a abdicar dessa violação? Obama é tão guerreiro e cínico quanto Bush.

Com frequência vemos o preconceito às avessas expressar-se na negação da negritude, como se ela fosse um estigma, através de eufemismos como afrodescendente. Sou branco, embora traga nas veias sangue indígena e negro, e nunca me chamaram de iberodescendente ou eurodescendente.

A data de 20 de novembro deveria ser comemorada nas escolas com lições históricas sobre o preconceito e discriminação, e depoimentos de negros. De nossa população carcerária, hoje beirando 500 mil detentos, 74% são negros. Nos EUA, de cada 11 presos, apenas 1 é branco.

Só a Consciência Negra é capaz de combater a inconsciência branca e despertá-la, tornando hediondos todos os crimes de preconceito e discriminação.


Fonte:http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/11/frei-betto-inconsciencia-branca.html

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Por que prender Zé Dirceu não vai mudar o Brasil


Por que prender Zé Dirceu não vai mudar o Brasil
Ou: é o financiamento público de campanha, estúpido!


O financiamento público de campanha é bombardeado pela mídia conservadora

Não vejo como algo “normal” que o PT tenha feito caixa 2 para eleger Lula em 2002. Não acho “normal” que o PT, partido que cresceu prometendo ser diferente dos demais, tenha agido igualzinho aos outros. Sim, acho justo que políticos comecem a pagar por estes erros. Mas não, não acho que a prisão de José Dirceu é, como pinta a grande imprensa, um acontecimento capaz de mudar toda a maneira como se faz política no Brasil. Como se a prisão de uma só pessoa fosse uma espécie de derrubada das torres gêmeas da corrupção. Isso é mentira, um artifício para manipular o eleitor contra o PT e encobrir algo muito maior que Dirceu.

Escrevo para você, vítima do mau jornalismo de veículos que colocam o ex-ministro da Casa Civil de Lula na capa, com ares de demônio, e promovem biografias mal-escritas onde Zé Dirceu é pintado como “o maior vilão do Brasil”. Você, que se empolga com as manifestações quando elas ganham espaço na mídia, mas não vai a fundo nas questões quando passa a modinha. Você, que repete chavões ouvidos no rádio e na televisão contra a corrupção, embora ache política um assunto chato e fuja de leituras mais aprofundadas sobre as razões pelas quais a tal roubalheira existe. Eu vou tentar te explicar.

Zé Dirceu e os “mensaleiros”, ao contrário do que estes orgãos de desinformação tentam lhe convencer, não são a causa da corrupção na política, mas a consequência dela. Infelizmente, no Brasil, para eleger um político é preciso ter dinheiro, muito dinheiro. E é preciso fazer alianças com Deus e o diabo. Não foi Zé Dirceu que inventou isso, é a forma como a política é feita no país que leva a essa situação. As campanhas são financiadas com dinheiro de empresas, bancos, construtoras. Você daria milhões a um político? E se desse, não ia querer nada em troca? Para você ter uma ideia de como são as coisas, o verdadeiro erro do PT neste episódio foi não declarar, nas prestações de contas eleitorais, que estava dando dinheiro para outro partido. Declarando, dar dinheiro a outro partido é perfeitamente legal, imagine!

Nenhum destes órgãos de imprensa que crucificam Dirceu foi capaz de explicar para seus leitores que só o financiamento público de campanha poderia interromper este círculo vicioso em que entrou a política nacional desde a volta da democracia: rios de dinheiro saem de instituições privadas para todos os candidatos durante as eleições. Em 2010, a candidata vencedora Dilma Rousseff, do PT, arrecadou 148,8 milhões de reais de construtoras, bancos, frigoríficos, empresas de cimento, siderurgia. O candidato derrotado José Serra, do PSDB, arrecadou 120 milhões de reais também de bancos, fabricantes de bebidas, concessionárias de energia elétrica.

Quem, em sã consciência, acredita que um político possa governar de maneira independente se está financeiramente atrelado aos maiores grupos econômicos do país, em todos os setores? Muitos especialistas defendem que esteja nessa promiscuidade da política com o capital privado a origem da corrupção. Eu concordo. Não existe almoço grátis. Só um ingênuo poderia achar que estas empresas, ao doarem milhões a um candidato, não intencionam se beneficiar de alguma forma dos governos que ajudam a eleger. Prender José Dirceu não vai mudar esta realidade.

Se, na próxima semana, o ministro Joaquim Barbosa decretar a prisão imediata dos “mensaleiros” e isto fizer você pular de alegria, lembre-se do velho ditado: “alegria de pobre dura pouco”. Enquanto José Dirceu estiver na cadeia, pagando, justa ou injustamente, pelos erros da política nacional, as mesmas coisas pelas quais ele foi condenado estarão acontecendo aqui fora. A prática nefasta do caixa 2, por exemplo, não vai presa junto com Dirceu. As negociatas no Congresso não vão para detrás das grades. As alianças com o conservadorismo, com o agronegócio, com as empreiteiras, continuarão livres, leves e soltas.

Sem uma reforma profunda, todos os males da política continuarão a existir no Brasil a despeito da prisão de Dirceu ou de quem quer que seja. Leia o noticiário, veja se a reforma, a despeito das promessas após as manifestações de junho, está bem encaminhada. Que nada! Ao contrário: o financiamento público de campanha foi o primeiro item da reforma política a ser escamoteado pelos congressistas. Não interessa aos políticos que o financiamento privado acabe –e, não sei exatamente por que, tampouco interessa à grande imprensa. Nem um só jornal defende outra forma de financiar a política a não ser a que existe hoje, bancada pelo dinheiro das mesmas empresas que irão lucrar com os governos. Uma corrupção em si mesma.

O financiamento público de campanha poderia reduzir, por exemplo, os gastos milionários dos candidatos em superproduções para aparecerem atraentes ao público no horário gratuito de televisão, como se fizessem parte da programação habitual do canal. Político não é astro de TV. O correto seria que eles aparecessem tal como são, sem maquiagem. Sem tanto dinheiro rolando, também acabaria um hábito nefasto que até o PT incorporou nas últimas campanhas: pagar cabos eleitorais para agitarem bandeiras nos semáforos. Triste da política e dos políticos quando precisam trocar o afeto de uma militância genuína por desempregados em busca de um trocado.

Sinto dizer a você, mas a única diferença que haverá para a política nacional quando José Dirceu for preso é que ele estará preso. Nada mais. E sinto muito destruir outra ilusão sua, mas tampouco mudará a política brasileira a morte de José Sarney, que vejo muita gente por aí comemorando por antecipação. O buraco é mais embaixo e muito mais profundo. Eu pessoalmente trocaria a morte de Sarney e a prisão de Dirceu por um Brasil que soubesse escolher melhor seus representantes. E fosse capaz, neste momento, de lutar pelo que de fato pode revolucionar a política: o financiamento público de campanha. Alguém está disposto ou a prisão de Zé Dirceu basta?

Cynara Menezes é jornalista e editora do blog Socialista Morena.


Fonte:http://correiodobrasil.com.br/noticias/opiniao/por-que-prender-ze-dirceu-nao-vai-mudar-o-brasil/662459/

domingo, 17 de novembro de 2013

Jesse Jackson: desigualdade racial ainda está muito presente nos EUA


 


O reverendo, que militou ao lado de Martin Luther King na luta pelos direitos civis, participa de debate no Rio com Gilberto Gil

Por Leonardo Cazes

Cinquenta anos após o histórico discurso “Um sonho”, de Martin Luther King, nos degraus do Lincoln Memorial, em Washington, a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos continua no velho e em novos fronts: combate à pobreza, defesa do casamento gay e o fim do envolvimento americano em guerras pelo mundo estão na pauta do reverendo Jesse Jackson. Aos 72 anos, ele mantém o mesmo entusiasmo de quando abandonou o Seminário Teológico de Chicago para se juntar a King no Movimento pelos Direitos Civis e afirma, em entrevista ao GLOBO, que, apesar dos avanços, a desigualdade entre negros e brancos permanece forte no país. Jackson vai participar, hoje, às 18h, da conferência “A democratização e o desenvolvimento da África”, junto com Gilberto Gil, no festival Back2Black, na Cidade das Artes.

— Quando Martin Luther King fez o seu discurso, em 1953, o sonho de que falava era que a promessa, não cumprida até então, fosse honrada. Naquela época, a maioria dos afroamericanos não podiam votar nem utilizar serviços públicos. Nós tínhamos liberdade, mas não tínhamos igualdade de direitos. Éramos livres para sermos humilhados — diz Jackson. — A desigualdade no acesso ao emprego, ao dinheiro, ao sistema de saúde, à justiça e à moradia continua muito presente. Somos a maioria nas prisões, mas não nas nossas universidades.

A principal atividade, hoje, do reverendo é o comando da Rainbow PUSH Coalition, uma organização que mantém viva a luta pelos direitos civis. Recentemente, o grupo trabalhou fortemente pela reversão do resultado do julgamento do assassino de Trayvon Martin. Martin, um adolescente negro, foi morto pelo segurança George Zimmerman em um condomínio na Flórida, em fevereiro do ano passado. Em julho deste ano, Zimmerman foi inocentado das duas acusações de homicídio, com a justificativa de ter agido em legítima defesa, gerando grande comoção na comunidade negra.

Elogio a Obama

Jackson, que chegou a disputar, sem sucesso, as primárias do Partido Democrata em 1984 e 1988 para ter o direito de concorrer à presidência, é apoiador de primeira hora do presidente Barack Obama. Ferrenho defensor do Obamacare, a reforma da saúde feita pelo presidente que amplia cobertura para os mais pobres, ele critica duramente os republicanos, que paralisaram o país durante três semanas numa luta pela sua revogação, e faz uma avaliação positiva do mandato.

— Nos cinco anos em que ele está na Casa Branca, Obama enfrentou muitas resistências por parte dos republicanos. Então, ele está fazendo um bom trabalho frente a tamanha resistência.

O reverendo afirmou estar muito honrado de vir ao Brasil, “o país mais africano fora da África”. Sobre o debate com Gilberto Gil, ele disse que os Estados Unidos deveriam elaborar uma espécie de Plano Marshall para o continente africano. Jackson, entretanto, condenou práticas culturais tradicionais em alguns países que envolvem violências contra mulheres e crianças.

— É preciso respeitar as mulheres e as crianças. Não podemos discriminar nenhum ser humano em nome da religião.


Fonte:http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2013/11/16/jesse-jackson-desigualdade-racial-ainda-esta-muito-presente-nos-eua-515277.asp

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Claudio Vitorino em ação..

Aquele que acredita que o interesse coletivo está acima do interesse individual , que acredita que tudo e possível desde que tenha fé em Deus e coragem para superar os desafios...

Vida difícil? Ajude um estranho .

Pode parecer ilógico -no mínimo pouco prioritário- ajudar um estranho quando as coisas parecem confusas na nossa vida. Mas eu venho aprendendo que este é um poderoso antídoto para os dias em que tudo parece fora do lugar.

Como assim, pergunta o meu leitor mais cético? E eu explico:
Há duas situações clássicas onde podemos auxiliar uma pessoa que não conhecemos. A primeira é através de doações e gestos similares de caridade. Estes atos são maravilhosos e muito recomendáveis, mas não é deles que quero falar hoje.


Escolhi o segundo tipo: aquelas situações randômicas onde temos a oportunidade de fazer a diferença para uma pessoa desconhecida numa emergência qualquer. Na maioria das vezes, pessoas com quem esbarramos em locais públicos, envolvidas em situações que podem ir do estar atrapalhado até o precisar de mãos para apagar um incêndio.

E o que nós, imersos nas nossas próprias mazelas, distraídos por preocupações sem fim amontoadas no nosso tempo escasso, enfim, assoberbados como sempre... O que nós temos a ver com este ser humano que pode ser bom ou mau, pior, pode sequer apreciar ou reconhecer nosso esforço?


Eu vejo pelo menos seis motivos para ajudar um estranho:


1) Divergir o olhar de nossos próprios problemas
Por um momento, por menor que seja, teremos a chance de esquecer nossas preocupações.
Dedicados a resolver o problema do outro (SEMPRE mais fácil do que os nossos), descansamos nossa mente. Ganhamos energia para o próximo round de nossa própria luta.
Esta pausa pode nos dar novo fôlego ou simplesmente ser um descanso momentâneo.


2) Olhar por um outro ângulo
Vez ou outra, teremos a oportunidade de relativizar nossos próprios problemas á luz do que encontramos nestes momento. Afinal, alguns de nossos problemas não são tão grandes assim...
Uma vez ajudei Teresa, a senhora que vende balas na porta da escola de meu filho. A situação dela era impossível de ser resolvida sozinha, pois precisava “estacionar” o carrinho que havia quebrado no meio de uma rua deserta. Jamais esquecerei o olhar desesperado, a preocupação com o patrimônio em risco, com o dia de by Savings Sidekick">trabalho desperdiçado, com as providências inevitáveis e caras. E jamais me esquecerei do olhar úmido e agradecido, apesar de eu jamais ter comprado nada dela. Nem antes nem depois.
Olhei com distanciamento o problema de Teresa. E fiquei grata por não ter que trabalhar na rua, por ter tantos recursos e by Savings Sidekick">oportunidades. E agradeci por estar lá, naquela hora, na rua de pouco movimento, e poder oferecer meus braços para ela.


3) Não há antes, nem depois ...
Na intricada teia de nossos by Savings Sidekick">relacionamentos, dívidas e depósitos se amontoam. Ajudar um conhecido muitas vezes cria vínculos ou situações complexas. Ás vezes, ele espera retribuir. Outras vezes, esperamos retribuição. Se temos ressentimentos com a pessoa, ajudá-la nem sempre deixa um gosto bom na boca. Se ela tem ressentimentos conosco, fica tudo muito ruim também.
Já com estranhos são simples. É ali, naquela hora. Depois acabou. E não há antes. Que alívio!
(mas não vamos deixar de ajudar os conhecidos dentro de nossas possibilidades, hein?)


4) A gratidão pelo inesperado é deliciosa
Quem se lembra de uma vez em que recebeu uma gentileza inesperada? Não é especial? E nem sempre estamos merecendo, mal-humorados por conta do revés em questão.
Ou quando ajudamos alguém e recebemos aquele olhar espantado e feliz?
Ontem mesmo, eu estava numa fila comum de banco. Um senhor bem velhinho estava atrás de mim. Na hora em que fui chamada, pedi que ele fosse primeiro. “Mas por que, minha filha?”. “Pelos seus cabelos brancos”, respondi. Ele, agradecido, me deu uma balinha de hortelã. Tudo muito singelo, muito fácil de fazer, mas o sentimento foi boooom.


5) Quase sempre, é fácil de fazer.
Uma vez eu fiquei envolvida por uma semana com uma mãe e um bebê que vieram para São Paulo para uma cirurgia e não tinha ninguém para esperar no aeroporto. Levei para um hotel barato, acompanhei por uma semana e tive medo de estar sendo usada, reforçada pelo ceticismo de muitas pessoas ao meu redor. No final, deu tudo certo e a história era verdadeira.
Mas na maioria dos casos, não é preciso tanto risco ou tanto tempo. Uma informação; um abaixar para pegar algo que caiu; uma dica sobre um produto no supermercado. Dar o braço para um cego (nunca pegue a mão dele, deixe que ele pegue o seu braço, aprendi com meu experiente marido). Facílimo, diria o Léo. E vamos combinar, fácil é tudo que precisamos quando o dia está difícil, certo?

6) Amor, meu grande amor
Finalmente, ajudar estranhos evoca o nosso melhor eu. É comum termos sentimentos de inadequação, baixa auto-estima e insatisfação conosco quando estamos sob tempo nublado. E ajudar o outro nos lembra que somos bons e capazes. Ajudar um estranho demonstra desapego, generosidade, empatia pelo próximo. E saber que somos tudo isto quando o coração está cinza... É para olhar com orgulho no espelho, não?

Portanto, se hoje não é o seu dia... Faça o dia de alguém. E se é um dia glorioso... Vai ficar melhor!

Fonte:http://www.vivermaissimples.com/2011/03/vida-dificil-ajude-um-estranho.html

Karoline Toledo Pinto

Karoline Toledo Pinto
Karoline Agente Penitenciária a quase 10 anos , bacharelada no curso de Psicologia em uma das melhores Instituição de Ensino Superior do País , publica um importante ARTIGO SOBRE AS DOENÇAS QUE OS AGENTES PENITENCIÁRIOS DESENVOLVEM NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES . Aguardem em breve aqui será publicado .APESAR DAS PERSEGUIÇÕES INFUNDADAS DAS AMEAÇAS ELA VENCEU PARABÉNS KAROL SE LIBERTOU DO NOSSO MAIOR MEDO A IGNORÂNCIA CONTE COMIGO.. OBRIGADO CLAUDIO VITORINO

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